...Quem come a minha carne e bebe o meu sangue [uma referência ao Espírito Santo, que é a Vida de Cristo em nós] permanece em mim, e eu, nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, eu vivo pelo Pai, assim quem de mim se alimenta também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; [Sua Palavra] ... não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre. Ele disse essas coisas na sinagoga, ensinando em Cafarnaum. (Jo 6.56-59)
[Não é o pão comprado na padaria e o vinho ou suco da uva comprado no mercado e trazidos para serem distribuídos em comunidades, que nos faz ter a Vida de Cristo dentro nós! Mas, nossa obediência as A Palavra de Deus vivida por Cristo,nos enche e nos batiza com o Espírito Santo, também Representado pelo sangue!]
Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou. (Jo 14:24)
Jesus aprofundou seu pensamento. Primeiro, a comunhão: ele morando em nós, e nós morando nele, vivendo nele e por ele, assim como ele vive em seu Pai e por seu Pai. Quem poderia sonhar uma união mais íntima, mais divina, mais consoladora, mais fortificante? E, depois da morte, a vida eterna, que perpetua esta união. Como, ouvindo e meditando nestas palavras do bom Pastor, não desejar nutrir-se incessantemente dos elementos da Ceia do Senhor? [Ele mesmo é a Ceia. Se não vivermos uma vida casta em temor e obediência aos Seus Mandamentos, em vão se come do pão e se bebe do vinho ou suco da uva nas comunidades]
Infelizmente, muitos ouvintes de Cristo estavam longe de sentir este santo desejo. A quarta e última parte da conversação nos mostra isso de modo bem doloroso. Até então, só uma parcela hostil do auditório havia protestado; deste momento em diante, a oposição virá também dos próprios discípulos, daqueles que acompanhavam Jesus em suas viagens de pregação.
Muitos deles - diz o texto claramente - protestaram de forma descomposta e odiosa. Duro é este discurso; quem o pode ouvir? (Jo 6.60). Também eles interpretam as palavras do Salvador do modo literal. E de tal monta é o escândalo deles que chegam até a querer separar-se do Mestre.
O que Jesus fez quando compreendeu o que se passava no ânimo daqueles discípulos? Procurou atraí-los de novo, clareando-lhes o pensamento? Ele explicou, com efeito, não para contradizer seu discurso, mas para afirmar que nada é impossível e que sua promessa, sendo verdadeira, não devia ser entendida num sentido grosseiro e carnal.
Isto escandaliza-vos?
Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?
O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida.
Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. (Jo 6:61-64)
Com a expressão subir o Filho do Homem para onde primeiro estava, Jesus falava da sua ascensão, pela qual voltaria ao Céu, revestido de sua santa humanidade. Se aqueles discípulos que estavam a ponto de apostatar tivessem testemunhado antecipadamente este glorioso mistério, creriam facilmente que ele podia cumprir suas promessas. Então, poriam nele toda a sua confiança e cessariam de escandalizar-se sem motivo.
Cesaréia de Filipo, onde Jesus esteve (Mt 16.13) |
As palavras o espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita (Jo 6.63) contém uma sentença de ordem geral, que significa que, no organismo humano, o espírito é quem dá a vida. A carne, por si só, seria uma coisa morta, inerte, e logo seria destruída pela corrupção.
Com esta afirmação, Jesus precisava, pois, dar sentido às suas palavras: nunca lhe havia passado pelo pensamento distribuir sua carne separada da alma, como grosseiramente muitos haviam imaginado. A linguagem do Mestre é espírito e vida, e devia ser interpretada espiritualmente. A carne que ele daria de comer e o sangue que ele daria de beber era a carne e o sangue do Filho do Homem que voltaria para o céu, transfigurado e para sempre vivo. Não seriam alimentos físicos, mas espirituais, em memória do seu sacrifício.
Jesus acrescentou com tristeza: Mas há alguns de vós que não crêem (Jo 6.64). A propósito desta última frase, tão trágica, o evangelista faz uma dolorosa e profunda observação: Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam e quem era o que o havia de entregar (Jo 6.64).
Não havia errado, pois, o Mestre com respeito aos discípulos. Desde o primeiro momento, havia percebido a fragilidade da fé que tinham, a apostasia de alguns deles e, em particular, conhecia de antemão a traição de Judas. Não surpreendeu a Jesus a mudança de atitude de certos discípulos; pelo contrário, o Mestre o havia anunciado aos seus amigos mais chegados. E, dessa forma, ao acabar o seu discurso, Jesus acrescentou: Por isso, eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai lhe não for concedido (Jo 6.65).
A CONFISSÃO DE PEDRO
O momento era grave, decisivo, pelo que Jesus, não obstante a tristeza que esta separação lhe causava, quis também testar a fé de sus apóstolos. [Testar para eles mesmos. Porque o Mestre conhecia e conhece o íntimo de cada ser humano] Dirigindo-se, pois, a eles, fez-lhes sem rodeios esta pergunta: Quereis vós também retirar-vos? (Jo 6.67). Não foi preciso aguardar muito a resposta. Simão Pedro encarregou-se de dá-la, em nome de todos, uma vez mais manifestando seu ardoroso temperamento, sua fé e seu amor para com o seu Mestre: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna, e nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus (Jo 6.68,69).
Esta confissão de fé, digno prelúdio daquela outra que o mesmo apóstolo faria em circunstância ainda mais solene, era tão explícita como então podia sê-lo, e o Salvador ficou satisfeito com ela. E os apóstolos não se separaram de Jesus, pois nele encontraram o Mestre mais perfeito, o doutro capaz de satisfazer as suas necessidades intelectuais e religiosas, o próprio Messias.
Digna de nota é a expressão temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus (Jo 6.69), pois, desde o começo, aqueles homens seguiram o Mestre pela fé, e esta os conduziria a um conhecimento cada vez mais aperfeiçoado. Mas esta confissão não podia suprimir a profunda tristeza que causava no Salvador o desvio de tantos ingratos. Então, ele disse: Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo (Jo 6.70). Assim, pois, entre seus discípulos mais íntimos, entre os mais privilegiados, entre os que lhe deveriam ser mais fiéis, existia um germe de apostasia - pensamento que preocupava o coração do bem Mestre - e, ainda mais, um germe de traição, que supunha no futuro traidor uma natureza verdadeiramente diabólica.
João nos revela aqui de antemão o nome daquele demônio: E isso dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão, porque este o havia de entregar, sendo um dos doze (Jo 6.71). O traidor ocultou tão habilmente o seu desígnio que os outros apóstolos, exceto talvez o discípulo amado [avisado pelo Mestre], não suspeitaram de nada até que se consumou a traição.
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Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11