
Como na Palestina a vida transcorre ao relento durante todo o ano, tornou-se possível a todos aqueles que não possuem muita coisa restringir a quase nada suas despesas com habitação. A maior parte das pessoas morava em casa de um só andar e, em geral, de um só cômodo.
Para a construção do telhado, não empregavam muito esforço. Colocavam entre os muros troncos ainda rústicos e, por cima deles, feixes de junco e caniço, cobertos de barro amassado ou de uma mistura de pedra e terra. Essa massa imprensada e endurecida ao sol prestava-se perfeitamente para o telhado durante o período do calor, conservando o aposento fresco e servindo como uma espécie de terraço, onde as mulheres secavam os figos, as uvas e as roupas. Era no terraço também que aconteciam as reuniões da família pela manhã e à tarde.
Como o telhado fazia parte das casas, todas as moradias tinham uma escada pelo lado de fora (ex.: foto) sem que as pessoas tivessem de entrar nos compartimentos internos para se chegar a ele. Em moradias construídas em uma ribanceira, a escada tornava-se desnecessária, porque, neste caso, o telhado era construído no nível do barranco.
O pior era no tempo da chuva - a massa de barro ia amolecendo. Cada casa possuía um rolo que, nesse período de chuva, era passado sobre a camada de barro, para endurecê-lo. Já em épocas antigas, esses rolos eram conhecidos. Foi até apresentado em caso jurídico: alguém que estava passando o rolo no telhado chato e o deixara cair matando uma pessoa na parte de baixo.
Todavia, a peculiaridade mais característica da antiga casa israelita consistia não propriamente na construção, mas no átrio que possuía à frente, cercado de um muro, cujo portão dava para a rua ou para a estrada. Às vezes, diversas casas tinham o mesmo átrio, ou seja, um só átrio estava igualmente à disposição de todos. Assim é que se inventou esta máxima: "Não se pode proibir um vizinho de trabalhar no átrio comum, dizendo: 'Não posso dormir por causa das tuas marteladas ou por causa do ruído do teu moinho ou, ainda, pela gritaria do teu filho'".
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Família de Belém, início do século 20 c. |
Expressamente se observa, ainda hoje, que um átrio, devido à sua colocação, é uma pequena casa de guarda muito necessária, e todos devem contribuir com sua cota.
As casas da cidade de Tiro eram as que possuíam uma pequena moradia de guarda, o portão. Quem quisesse entrar deveria bater no portão de entrada, onde morava o guarda. Deve ter sido um átrio semelhante que Jesus tinha diante dos olhos na parábola: Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem (Lc 11.21). Esses átrios, com certeza, exerceram influência na vida do Salvador e também na vida comum do povo.
Quantas vezes, em Cafarnaum e em outros lugares, Jesus se deteve em átrios cheios de sombra para ensinar? É bem possível que em um átrio como esse ele tenha exercido o ofício de carpinteiro até os seus 30 anos.
Hoje, os átrios caracterizam as ruas do Oriente. São os muros que lá se encontram, lado a lado. Do protão, que podem ser vistos aqui e ali, pode-se olhar para dentro, mas também para fora, e ver quem está aproximando-se.
Muito BOM!
ResponderExcluirÉ muito importante agente saber como era a vida nos tempos de Jesus. Agente vê muita coisa da época nos filmes, as casas e enfim. Mas seria muito bom agente ir mais além dos textos biblicos.
ResponderExcluirExatamente, caro Josinaldo! Feliz por sua leitura! Se desejar, siga-nos aqui para não perder as atualizações :) Cavar fundo as Escrituras Originais, nos dar uma visão ampla da História como ela é. Filmes, não são boas sugestões para quem deseja realmente aprender e obter conhecimento; são superficiais e tem muito romance e fuga da verdade e não agregam nenhum valor!
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