A CEIA DA PÁSCOA
A ceia da Páscoa seguia determinados rituais que os evangelistas não descrevem: Mateus porque os considerava já conhecidos de seus leitores judaico-cristãos; Marcos, Lucas e João porque julgavam inúteis para os romanos, gregos e asiáticos, para quem escreveram principalmente. Os rituais que mencionaremos eram considerados essenciais, ao que parece.
A ceia da Páscoa seguia determinados rituais que os evangelistas não descrevem: Mateus porque os considerava já conhecidos de seus leitores judaico-cristãos; Marcos, Lucas e João porque julgavam inúteis para os romanos, gregos e asiáticos, para quem escreveram principalmente. Os rituais que mencionaremos eram considerados essenciais, ao que parece.
Os participantes não podiam ter menos de 10 anos ou mais de 20 anos. Começavam lavando as mãos. Depois que todos estavam em seus devidos lugares, o pai de família tomava em suas mãos uma taça cheia de vinho - normalmente vinho tinto - levemente aguado e o abençoava com uma oração que iniciava com as seguintes palavras: "Bendito sejas, Senhor nosso Deus, que tens criado o fruto da videira". Em seguida, após beber o vinho, passava a taça aos demais, e cada um devia beber um gole. Depois, punha-se à mesa rodeada de divãs.
O dirigente da cerimônia abençoava as ervas amargas, tomava delas, molhava-as no molho e as comia. A mesma coisa faziam os demais convidados. Somente então o cordeiro pascal era posto na mesa. Como estava prescrito desde a época da saída do Egito (Êx 12.26), o pai de família explicava aos presentes a significação da Páscoa e as suas cerimônias específicas. Em seguida, fazia uma oração chamada Hallel, composta dos Salmos 113 e 114. Então, outra taça era cheia e, assim como a primeira, passada a cada um dos presentes. Essa segunda parte da refeição era concluída com a oração: "Bendito sejas, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que nos tens libertado e libertaste a nossos pais do poder do Egito".
Para dar início à terceira parte da cerimônia, os convidados voltavam a lavar as mãos. O dirigente da cerimônia pegava pão asmo, partia-o, comia um pedaço, acrescentando ervas amargas e molhando o pão no haroset. Em seguida, distribuía o restante aos convidados. Procedia-se, então, à bênção do cordeiro pascal, que era cortado com delicadeza e repartido entre todos. Ao mesmo tempo, eram servidos outros manjares. Nessa parte da cerimônia, existia certa liberdade na hora de comer. Mas o cordeiro simbólico devia ser comido por último. Depois disso, a refeição acabava, e ninguém podia comer mais nada.
Concluída a refeição, todos bebiam, como das vezes anteriores, a terceira taça de vinho, que se chamava o cálice de bênção, porque era abençoado de forma especial. Depois, cantavam a segunda parte do Hallel (Sl 113 e 118) e outros Salmos. Todas essas cerimônias prolongavam consideravelmente a ceia, mas a recomendação era que os participantes se retirassem antes da meia-noite.
Será que Jesus celebrou a ceia completa, segundo o descrição acima, antes de passar para a Santa ceia? Ou reuniu-as em uma única cerimônia, extraindo da antiga Páscoa alguns de seus rituais e expressões? Não existe acordo entre os estudiosos sobre esse ponto. O cálice de bênção parece favorecer a segunda opinião, porque Paulo dá ao cálice da Ceia esse mesmo nome (1Co 10.16). Muitos acreditam que isso é uma prova de que Jesus consagrou a terceira taça e fez um simbolismo de seu sangue com o vinho contido nela. Mas pode ser apenas coincidência. O que devemos levar em consideração é a importância que se dava à sequência dos rituais.
Cristo tinha pleno direto de modificar os rituais, ainda mais porque estava executando um ato que seria revogado em breve. Mas os evangelhos contêm alusões ao respeito que Jesus manifestava aos sagrados rituais, cujo sentido não havia ainda sido deturpado pelo farisaísmo.
Por isso, podemos concluir que, a partir da quarta taça até o final da ceia, todo o ritual foi celebrado conforme o costume judaico. Lucas não diz que o cálice foi consagrado por Jesus depois da ceia (Lc 22.20)? Porém, Mateus e Marcos dizem que a consagração do pão ocorreu enquanto comiam (Mt 26.21; Mc 14.18), ou seja, durante a refeição. De qualquer forma, Jesus, na instituição da Santa Ceia, lançou mão de elementos que constituíam a Páscoa hebreia.
Para explicar em parte o seu pensamento, Jesus acrescentou: Porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus (Lc 22.16). O cordeiro pascal, que fora comido momentos antes, era um símbolo que, no Reino de Deus já estabelecido, será cumprido inteiramente. Essas palavras referiam-se, portanto, à Páscoa eterna no céu, onde não mais haverá simbologias, apenas uma magnífica realidade.
Mateus, Marcos e Lucas (Mt 26.26-29; Mc 14.22-25; Lc 22.19,20) dão-nos informações breves, porém claríssimas sobre a Santa Ceia. João, que se refere à promessa de sua instituição (Jo 6.22-72), não fala de seu cumprimento. Mas o apóstolo Paulo completa o relato dos três primeiros evangelistas (1Co 11.23-26). O próprio Salvador lhe revelou o mistério do cenáculo. Observe que Jesus inaugurou a sua vida pública recebendo o batismo de João Batista, que era um prelúdio do batismo cristão. E, quando seu ministério público estava prestes a ser concluído, instituiu a Santa Ceia.
A expressão enquanto comiam introduz uma nova fase da última ceia. Jesus, tomando um pão asmo, abençoou-o com a oração costumeira e o repartiu entre os onze. A esse ritual, seguido pelos apóstolos e pelos seus sucessores, a Igreja primitiva deu o nome de partir do pão (At 2.42). Antes de distribuir o pão, Jesus disse aos discípulos: Tomai, comei (Mt 26.26) e em seguida pronunciou a frase litúrgica: Isto é o meu corpo.
Para que o banquete do amor fosse completo, era necessário servir a bebida apropriada. O cálice que já circulara várias vezes durante o jantar foi usado para oferecê-la. Esse cálice não tinha o mesmo formato que as nossas taças atuais. Segundo os arqueólogos, era um recipiente de pouca profundidade, com a boca mais larga, e provido de um pé muito baixo e de duas asas pequenas. Tratava-se de uma imitação dos modelos gregos romanos. Jesus colocou o vinho tinto e também um pouco de água no cálice, segundo a tradição.
Depois desses breves preparativos, o Salvador pronunciou sobre o cálice, tal como fizera com o pão, a expressão usual da bênção. Em seguida, levantou o cálice e o consagrou, dizendo: Bebei dele todos. Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados (Mt 26.27,28).
A expressão para remissão dos pecados não consta da narração de Marcos. Segundo o apóstolo Paulo, Jesus disse: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue (1Co 11.25). Mais completa ainda é a expressão de Lucas 22.20: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós. Depois de ser consagrado pelo Salvador, o cálice foi passando de mão em mão entre os onze, e todos beberam dele, acrescenta Marcos (14.23).
Discurso de despedida ou Testamento do Salvador são dois títulos que expressam a ideia dominante, em torno da qual se agrupam os demais pensamentos. Dentro de algumas horas, Jesus morreria, mas, antes de separar-se de seus apóstolos, dirige-lhes as suas últimas palavras - palavras de consolo, de advertência e de instrução. Logo que mencionou sua partida - para onde eu vou não podeis vós ir (Jo 13.33) -, Jesus se apressou em consolar os apóstolos, relacionando os felizes efeitos dessa momentânea separação (Jo 14.1-31).
O dirigente da cerimônia abençoava as ervas amargas, tomava delas, molhava-as no molho e as comia. A mesma coisa faziam os demais convidados. Somente então o cordeiro pascal era posto na mesa. Como estava prescrito desde a época da saída do Egito (Êx 12.26), o pai de família explicava aos presentes a significação da Páscoa e as suas cerimônias específicas. Em seguida, fazia uma oração chamada Hallel, composta dos Salmos 113 e 114. Então, outra taça era cheia e, assim como a primeira, passada a cada um dos presentes. Essa segunda parte da refeição era concluída com a oração: "Bendito sejas, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que nos tens libertado e libertaste a nossos pais do poder do Egito".
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Será que Jesus celebrou a ceia completa, segundo o descrição acima, antes de passar para a Santa ceia? Ou reuniu-as em uma única cerimônia, extraindo da antiga Páscoa alguns de seus rituais e expressões? Não existe acordo entre os estudiosos sobre esse ponto. O cálice de bênção parece favorecer a segunda opinião, porque Paulo dá ao cálice da Ceia esse mesmo nome (1Co 10.16). Muitos acreditam que isso é uma prova de que Jesus consagrou a terceira taça e fez um simbolismo de seu sangue com o vinho contido nela. Mas pode ser apenas coincidência. O que devemos levar em consideração é a importância que se dava à sequência dos rituais.
Cristo tinha pleno direto de modificar os rituais, ainda mais porque estava executando um ato que seria revogado em breve. Mas os evangelhos contêm alusões ao respeito que Jesus manifestava aos sagrados rituais, cujo sentido não havia ainda sido deturpado pelo farisaísmo.
Por isso, podemos concluir que, a partir da quarta taça até o final da ceia, todo o ritual foi celebrado conforme o costume judaico. Lucas não diz que o cálice foi consagrado por Jesus depois da ceia (Lc 22.20)? Porém, Mateus e Marcos dizem que a consagração do pão ocorreu enquanto comiam (Mt 26.21; Mc 14.18), ou seja, durante a refeição. De qualquer forma, Jesus, na instituição da Santa Ceia, lançou mão de elementos que constituíam a Páscoa hebreia.
A SANTA CEIA
A saída do traidor foi um alívio para a alma do Mestre. Recobrando a calma e sabendo que estava rodeado apenas por amigos fieis, pronunciou estas amorosas palavras: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça (Lc 2.15), que mistura de alegria e tristeza. Alegria porque agia como se fosse demorar em ser o Cordeiro imolado por nós. Tristeza porque ia separar-se, pelo menos de modo exterior e visível, dos apóstolos a quem tanto amava.Para explicar em parte o seu pensamento, Jesus acrescentou: Porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus (Lc 22.16). O cordeiro pascal, que fora comido momentos antes, era um símbolo que, no Reino de Deus já estabelecido, será cumprido inteiramente. Essas palavras referiam-se, portanto, à Páscoa eterna no céu, onde não mais haverá simbologias, apenas uma magnífica realidade.
Mateus, Marcos e Lucas (Mt 26.26-29; Mc 14.22-25; Lc 22.19,20) dão-nos informações breves, porém claríssimas sobre a Santa Ceia. João, que se refere à promessa de sua instituição (Jo 6.22-72), não fala de seu cumprimento. Mas o apóstolo Paulo completa o relato dos três primeiros evangelistas (1Co 11.23-26). O próprio Salvador lhe revelou o mistério do cenáculo. Observe que Jesus inaugurou a sua vida pública recebendo o batismo de João Batista, que era um prelúdio do batismo cristão. E, quando seu ministério público estava prestes a ser concluído, instituiu a Santa Ceia.
A expressão enquanto comiam introduz uma nova fase da última ceia. Jesus, tomando um pão asmo, abençoou-o com a oração costumeira e o repartiu entre os onze. A esse ritual, seguido pelos apóstolos e pelos seus sucessores, a Igreja primitiva deu o nome de partir do pão (At 2.42). Antes de distribuir o pão, Jesus disse aos discípulos: Tomai, comei (Mt 26.26) e em seguida pronunciou a frase litúrgica: Isto é o meu corpo.
Interior do Salão Superior (Cenáculo) |
Depois desses breves preparativos, o Salvador pronunciou sobre o cálice, tal como fizera com o pão, a expressão usual da bênção. Em seguida, levantou o cálice e o consagrou, dizendo: Bebei dele todos. Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados (Mt 26.27,28).
A expressão para remissão dos pecados não consta da narração de Marcos. Segundo o apóstolo Paulo, Jesus disse: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue (1Co 11.25). Mais completa ainda é a expressão de Lucas 22.20: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós. Depois de ser consagrado pelo Salvador, o cálice foi passando de mão em mão entre os onze, e todos beberam dele, acrescenta Marcos (14.23).
O SERMÃO APÓS A SANTA CEIA E A ORAÇÃO SACERDOTAL DE JESUS
O Divino Mestre se recolheu um instante e, depois, pronunciou o incomparável discurso que ocupa mais três capítulos do quarto evangelho (Jo 13.31 -- 16.33). A maior parte das sentenças é fácil entender. Podemos compreendê-las sem nenhum esforço na primeira leitura, mas, quando tentamos ir mais fundo, descobrimos que são profundas como o céu. Então, convencemo-nos de que somente Deus pode usar semelhante linguagem. O discurso e a oração que segue são fontes de riquezas teológicas e, particularmente, provas da divindade de Jesus Cristo.Discurso de despedida ou Testamento do Salvador são dois títulos que expressam a ideia dominante, em torno da qual se agrupam os demais pensamentos. Dentro de algumas horas, Jesus morreria, mas, antes de separar-se de seus apóstolos, dirige-lhes as suas últimas palavras - palavras de consolo, de advertência e de instrução. Logo que mencionou sua partida - para onde eu vou não podeis vós ir (Jo 13.33) -, Jesus se apressou em consolar os apóstolos, relacionando os felizes efeitos dessa momentânea separação (Jo 14.1-31).
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E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento,
Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11