CRUCIFICAÇÃO NO TEMPO DE JESUS
Depois da condenação, Jesus recebeu outra vez a sua veste. Isso fazia parte de uma execução em que o condenado deve comparecer com suas próprias roupas ao lugar do suplício.
A morte na cruz era a mais dolorosa e a mais ignominiosa devido às suas circunstâncias. Sem que fosse ofendido qualquer órgão principal do corpo do sentenciado, ele devia morrer simplesmente de dor e sufocação. Sem defesa alguma, exposto ao ludíbrio e às lancinantes dores, o crucificado não conseguia ficar quieto, embora qualquer movimento ocasionasse novos tormentos.
Como havia sido açoitada antes de ser erguida na cruz, a vítima sentia intensa sede, em consequência da perda de sangue. Acrescente-se a tudo isso as pragas muito comuns no Oriente, que eram um verdadeiro suplício. Enxames de mosquitos e de moscas ajuntavam-se em torno das feridas. Os cães selvagens interrompiam seus giros de sempre e latiam uns aos outros. Os abutres, que se detinham sempre perto das povoações, começavam a voar bem próximo da cruz. Os gritos dos condenados eram ora exclamação de dor, ora brados de anseio pela morte, que para eles significaria uma libertação. Tudo isso era bem conhecido dos primeiros leitores dos evangelhos, que podiam presenciar crucificações com frequência.
Estas eram um castigo aplicado em todos os países circunvizinhos - entre os judeus, porém, o apedrejamento estava mais em voga. Assim, no processo de Jesus, a crucificação correspondia ao código penal romano. O próprio condenado devia levar a cruz para o lugar do suplício, escolhido nas proximidades das portas das cidades, para que as pessoas que passassem por ali se atemorizassem com esse horrível exemplo.
Esse castigo era tido como total ignomínia, porque era aplicado aos escravos ou aos grandes criminosos das províncias. Só nos anos posteriores da decadência desse império, os cidadãos romanos também passaram a ser supliciados deste modo.
A crucificação podia ser executada de várias maneiras. No caso de Jesus, os quadros representativos, em geral, mostra-nos ele deitado em uma cruz já pronta e estendida no chão, onde foi pregado. Muitas vezes, porém, o condenado era pregado em uma cruz já suspensa. Os dois processos eram terríveis.
A expressão ser levantado, como se dizia, em vez de crucificar, tem um sentido muito mais próprio e horrivelmente vivo! É um traço característico dos homens, que inventam expressões para velar certas coisas que redundam em opróbrio para toda a humanidade. Jesus também se serviu deste recurso ao falar da elevação do Filho do Homem.
Os costumes dos gregos, que tinham manifestas predileções por todo tipo de associações, eram imitados, muitas vezes, pelos judeus. Havia "associações urbanas" que, como as nossas associações beneficentes, consideravam suas obrigações certas práticas de piedade. Entre elas, a co-participação nas solenidades do noivado, do casamento e dos funerais, bem como na festa da circuncisão. A associação, nesses casos, ocupava-se de seus sócios: mandava-lhes o necessário pelos co-participantes e estes cuidavam dos parentes, de acordo com a posição social de cada associado.
A comiseração pelos homens levados ao lugar de suplício entrava no campo de ação dessas associações. É possível que as mulheres que choravam, designadas expressamente como moradoras de Jerusalém, pertencessem a uma dessas associações urbanas. Neste caso, eram, de fato, no sentido próprio do termo, representantes das mulheres de Jerusalém, a quem Jesus dirigiu suas palavras.
CURIOSIDADE HEBRAICA SOBRE "O CALVÁRIO"(*)
Você pode se surpreender ao descobrir que não havia lugar chamado Calvário na antiga Jerusalém. Você pode pesquisar por todo o lado e não o encontrará. Você não o encontrará em nenhuma das passagens do evangelho, descrevendo como Jesus foi executado. Marcos, Mateus e João mencionam o Gólgota - uma palavra que, segundo eles, se traduz como "o lugar do crânio". Lucas também menciona o "lugar do crânio" também sem usar o nome semítico original. Os evangelhos dizem que Gólgota é uma palavra hebraica, embora ninguém tenha certeza se era hebraico, aramaico ou alguma mistura dos dois.
O Gólgota era um lugar real situado em algum lugar fora dos muros de Jerusalém do século I, não muito longe do jardim com túmulos da elite de Jerusalém. Mas o nome Calvário, vem da palavra latina calvaria, que se traduz como "crânio". O termo não estava em uso nos dias de Jesus e ninguém chamou o lugar onde Cristo morreu como Calvário. Somente quando Jerônimo criou a tradução da Bíblia para a Vulgata Latina (final do século IV ), a palavra passou a ser gradualmente usada pelos cristãos. Hoje, as pessoas cantam alegremente canções sobre o Calvário, mas nem mesmo é uma palavra bíblica. Os habitantes de Jerusalém do século I e os próprios escritores do evangelho nunca ouviram falar de um lugar chamado Calvário, mas eles conheciam o Gólgota. (*Texto por Pinchas Shir na categoria de "Evangelhos Judeus"/Israel Bible Weekly - Edição: Costumes Bíblicos)
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Filipenses 1:9-11