O DIA EM QUE JOÃO BATISTA VIU JESUS
Um homem de uns 30 anos chegou sozinho e se misturou à multidão que estava ali para ouvir o profeta do deserto. O homem que acabara de chegar não tinha o aspecto áspero dos profetas, nem a atitude autoritária dos escribas e dos doutores da lei. Vestia uma túnica talar de linho branco e um manto de lã de Damasco, Magdala ou Tiro. Os cabelos e barba, de tonalidade escura, davam ao seu semblante reflexo de ouro antigo. Ninguém notou a presença dele entre a multidão que se aglomerava junto ao rio, onde João batizava e pregava. Ninguém percebeu que Jesus estava ali. Os evangelistas, admiradores e discípulos de Cristo, poderiam ter iluminado a narração do episódio mais importante do aparecimento do Mestre na vida pública, referindo-se a coisas prodigiosas. Porém, a honestidade e a veracidade deles não deixam margem para imaginarmos sequer o efeito da presença daquele homem entre a multidão. Concluímos, pois, que, a chegada do moço de Nazaré, às margens do Jordão onde João batizava, a princípio não causou nenhum impacto. Para todos, ele era mais um dos milhares de peregrinos ou curiosos que iam ali atraídos pela mensagem de um estranho profeta que dizia coisas estranhas à margem do rio.
Pelo asseio e pela compostura, diria-se que o homem era um saduceu; mas os saduceus eram ricos, e o moço parecia pobre. Talvez fosse um fariseu, mas os fariseus eram sutis e amaneirados, e aquele jovem tinha um ar de perfeita naturalidade. Poderia também ser um essênio, mas os essênios eram ásperos e ascetas,, como João Batista. Já os zelotes, infestados pelas reminiscências de Judas Macabeu, eram taciturnos e austeros patriotas, de aspecto sóbrio. E os publicanos eram conhecidos imediatamente por seus trajes e por seus gestos burocráticos.
Tais comparações poderiam ter sido feitas por alguém que o tivesse percebido ali, mas o mais provável é que o nazareno, que trazia luz e alegria de viver em seu olhar cheio de juventude, nem tivesse sido notado na margem que deslizava até o rio. Lá embaixo, com água pela cintura, João Batista batizava todos os que se apresentavam para isto. A multidão ondulava entre os penhascos, os canaviais, as palmeiras e os juncos; derramava-se pelos barrancos e concavidades extremas das margens do Jordão.
Era uma bela manhã de céu azul, com nuvens dispersas de uma brancura muito alva. O Sol brilhava nas copas das árvores, nos penhascos úmidos, na superfície clara do rio. Do alto da colina, o jovem nazareno contemplava o espetáculo da multidão ondulante no cenário de pedras e palmeiras. Do outro lado, sobre a linha do barranco, aflorava o perfil dos cumes de Gileade. Diante da multidão heterogênea de camponeses, artistas, soldados, publicanos, homens e mulheres de todas as idades e condições sociais, erguia-se João Batista, o atlético e áspero profeta. De sua boca, desprendiam-se, como raios, fulminantes anátemas contra os pecados, e suas mãos estavam prontas para batizar as pessoas arrependidas.
O homem de Nazaré olha para o povo e para aquele profeta, cuja fama havia chegado até Esdrelom, a Galileia e as montanhas setentrionais levada pela voz das caravanas e dos peregrinos. E, abrindo caminho entre as pessoas, dirige-se até João e se detém à margem do rio. João treme ao vê-lo. Esse encontro estava marcado desde a distante aurora dos tempos. A primeira impressão de João Batista é seu espantoso isolamento da terra e dos homens. Sente-se extremamente só, com sua certeza; reconhece aquele cujo caminho está preparando.
Tudo naquele homem de túnica branca difere do profeta de tronco desnudo e de desnudas pernas, com cinto de couro de camelo, um rude bordão na mão, um olhar chamejante que parece soltar centelhas. O homem que se aproxima é puro, sem afetação de santidade; é austero, sem asperezas; é humilde, sem ares de servilismo; é todo espírito, sem menosprezo e degradação do corpo. Realiza-se nele (e João percebe isso perfeitamente) a harmonia dos ritmos perfeitos, o sentido dos equilíbrios exatos. Aquele homem não é propriamente um homem, mas, apesar de tudo, é o Homem. É o Filho do Homem, e consequentemente, na suprema expressão humana, é o Filho de Deus.
Em suas longas meditações no deserto, João Batista havia refletido muitas vezes acerca da espantosa revelação que lhe fizera Aquele cuja voz escutara no imenso silêncio. Mas João Batista ignorava o aspecto sob qual Jesus apareceria. É provável que o precursor o tivesse imaginado de acordo com o modelo dos profetas (Isaías, Ezequiel e Jeremias): alto, de ar severo, um tanto pavoroso, irradiando aquela terrível luz que obrigava os próprios justos a lançarem-se sobre a terra.
João, porém, perscrutando diariamente a multidão e ansiando descobrir o Esperado entre os milhares de rostos que se voltavam para ele no rio, nunca havia sentido, nem mesmo no semblante taciturno dos essênios, nem nas caras sérias dos fariseus, nem nos rudes perfis dos soldados, nem na silhueta dos publicanos, nem ainda na efígie dos homens mais santos, a presença por ele aguardada como o sinal comovedor do coroamento de sua missão apostólica.
João sabia agora que seus dias estavam contados, pois logo ele não teria nada a fazer no mundo, a partir do momento em que os clarins da boa nova começassem a despertar o gênero humano do longo sono do paganismo.
Ao contemplar o homem de 30 anos que se aproxima do rio afastando os caniços, João exclama: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Todos os olhares se voltam para aquele jovem de túnica branca, que marchava resolutamente cortando as águas na direção de João Batista. A multidão olha para os dois homens que se aproximam dentro do rio. Parece que eles conversam. Alguns conseguem ouvir o estranho diálogo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu (Mt 3.14,15).
O BATISMO DE JESUS
A POMBA E SUA IMPORTÂNCIA NOS ESCRITOS SAGRADOS
A TENTAÇÃO DE JESUS
AS TRÊS FASES DA TENTAÇÃO
A DERROTA DE SATANÁS
Pelo asseio e pela compostura, diria-se que o homem era um saduceu; mas os saduceus eram ricos, e o moço parecia pobre. Talvez fosse um fariseu, mas os fariseus eram sutis e amaneirados, e aquele jovem tinha um ar de perfeita naturalidade. Poderia também ser um essênio, mas os essênios eram ásperos e ascetas,, como João Batista. Já os zelotes, infestados pelas reminiscências de Judas Macabeu, eram taciturnos e austeros patriotas, de aspecto sóbrio. E os publicanos eram conhecidos imediatamente por seus trajes e por seus gestos burocráticos.
Tais comparações poderiam ter sido feitas por alguém que o tivesse percebido ali, mas o mais provável é que o nazareno, que trazia luz e alegria de viver em seu olhar cheio de juventude, nem tivesse sido notado na margem que deslizava até o rio. Lá embaixo, com água pela cintura, João Batista batizava todos os que se apresentavam para isto. A multidão ondulava entre os penhascos, os canaviais, as palmeiras e os juncos; derramava-se pelos barrancos e concavidades extremas das margens do Jordão.
Era uma bela manhã de céu azul, com nuvens dispersas de uma brancura muito alva. O Sol brilhava nas copas das árvores, nos penhascos úmidos, na superfície clara do rio. Do alto da colina, o jovem nazareno contemplava o espetáculo da multidão ondulante no cenário de pedras e palmeiras. Do outro lado, sobre a linha do barranco, aflorava o perfil dos cumes de Gileade. Diante da multidão heterogênea de camponeses, artistas, soldados, publicanos, homens e mulheres de todas as idades e condições sociais, erguia-se João Batista, o atlético e áspero profeta. De sua boca, desprendiam-se, como raios, fulminantes anátemas contra os pecados, e suas mãos estavam prontas para batizar as pessoas arrependidas.
Vista de um local
de batismo no rio Jordão;
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Tudo naquele homem de túnica branca difere do profeta de tronco desnudo e de desnudas pernas, com cinto de couro de camelo, um rude bordão na mão, um olhar chamejante que parece soltar centelhas. O homem que se aproxima é puro, sem afetação de santidade; é austero, sem asperezas; é humilde, sem ares de servilismo; é todo espírito, sem menosprezo e degradação do corpo. Realiza-se nele (e João percebe isso perfeitamente) a harmonia dos ritmos perfeitos, o sentido dos equilíbrios exatos. Aquele homem não é propriamente um homem, mas, apesar de tudo, é o Homem. É o Filho do Homem, e consequentemente, na suprema expressão humana, é o Filho de Deus.
Em suas longas meditações no deserto, João Batista havia refletido muitas vezes acerca da espantosa revelação que lhe fizera Aquele cuja voz escutara no imenso silêncio. Mas João Batista ignorava o aspecto sob qual Jesus apareceria. É provável que o precursor o tivesse imaginado de acordo com o modelo dos profetas (Isaías, Ezequiel e Jeremias): alto, de ar severo, um tanto pavoroso, irradiando aquela terrível luz que obrigava os próprios justos a lançarem-se sobre a terra.
João, porém, perscrutando diariamente a multidão e ansiando descobrir o Esperado entre os milhares de rostos que se voltavam para ele no rio, nunca havia sentido, nem mesmo no semblante taciturno dos essênios, nem nas caras sérias dos fariseus, nem nos rudes perfis dos soldados, nem na silhueta dos publicanos, nem ainda na efígie dos homens mais santos, a presença por ele aguardada como o sinal comovedor do coroamento de sua missão apostólica.
João sabia agora que seus dias estavam contados, pois logo ele não teria nada a fazer no mundo, a partir do momento em que os clarins da boa nova começassem a despertar o gênero humano do longo sono do paganismo.
Ao contemplar o homem de 30 anos que se aproxima do rio afastando os caniços, João exclama: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Todos os olhares se voltam para aquele jovem de túnica branca, que marchava resolutamente cortando as águas na direção de João Batista. A multidão olha para os dois homens que se aproximam dentro do rio. Parece que eles conversam. Alguns conseguem ouvir o estranho diálogo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu (Mt 3.14,15).
COMPLETE SUA LEITURA COM OS ARTIGOS ABAIXO:
O BATISMO DE JESUS
A POMBA E SUA IMPORTÂNCIA NOS ESCRITOS SAGRADOS
A TENTAÇÃO DE JESUS
AS TRÊS FASES DA TENTAÇÃO
A DERROTA DE SATANÁS
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E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento,
Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11