As formas de punição no tempo de Jesus
Acontecia, muitas vezes, que, no lugar da pena de morte, os romanos aplicavam ao acusado apenas a flagelação, que, aliás, precedia sempre a execução da sentença capital: a vítima ficava desonrada por toda a vida; era como se hoje um condenado à morte tivesse sua pena trocada por prisão perpétua.
Jesus, pois, foi entregue aos soldados romanos para ser açoitado. Esses homens, assim como o procurador, também sentiam certa aversão pelos judeus, que lhes respondiam com uma espécie de ódio velado, próprio de pessoas simples e rudes. Assim, para os soldados romanos, era uma alegria quando lhe entregavam um judeu, acusado de ter se manifestado contra Roma. Não foi apenas por obediência que se puseram a açoitar Jesus, mas também por puro prazer de martirizarem um judeu.
Os chicotes consistiam em correias de couro e feixes de finas correntes de ferro com bolas ou ganchos de metal nas extremidades. às vezes, eram confeccionados também com cordas e pedaços de osso nas pontas. Aos primeiros golpes, o sangue coagulava em bolhas debaixo da pele. Logo em seguida, essas bolhas arrebentavam, e aparecia a carne viva, mas os carrascos continuavam batendo.
Os evangelistas não se detêm em descrever estas cenas, porque os leitores daqueles tempos sabiam o que este castigo significava. Flávio Josefo (historiador judeu) narra que viu, entre os anos 62 e 64 d.C., um procurador alpino mandar açoitar um homem durante tanto tempo até que “seus ossos foram desnudados”. Não era raro que os condenados morressem durante a flagelação.
Entretanto, mesmo depois que os soldados puseram de lado os instrumentos de suplício, sentiram vontade de atormentar Jesus ainda mais. Com a hostilidade que, muitas vezes, é desenvolvida em pessoas rudes e longe de sua pátria, perceberam que o prisioneiro não estava interiormente abatido ao peso de seus golpes.
Que lamúrias, em outros casos, precediam uma flagelação! Como gritavam as vítimas, bem antes dos açoites, para provocar misericórdia. E como contorciam todo o corpo, não podendo proceder de outro modo! Mas com Jesus foi diferente. Ele tinha em Si muitas coisas de um rei. E os soldados se sentiram perturbados diante da misteriosa força de Jesus. Enfureceram-se com Sua firmeza e fizeram de tudo para abafar nele este último traço real, lançando sobre Jesus toda espécie de escárnio. É algo terrível quando homens perversos se unem para dar vazão a seus próprios instintos perversos!
Os soldados fizeram Jesus assentar-se num pedaço de coluna que ali estava, talvez a mesma em que o tinha amarrado, para flagelá-Lo. Envolveram o Mestre em um velho manto avermelhado, já usado por algum soldado. Fizeram uma coroa de espinhos, que provavelmente estavam ali para acender o fogo. É possível que junto aos espinhos também houvesse uns caniços. Colocaram-lhe a coroa de espinhos na cabeça, deram-lhe um caniço na mão direita e, em seguida, encurvavam-se diante dele e diziam em tom de escárnio: “Salve, Rei dos judeus”. O termo grego xaire corresponde a ave (salve, em português), que foi mais tarde usado pelos judeus como um estrangeirismo. Pelos soldados, a saudação deve ter sido proferida em grego.
Como se não bastasse, cuspiram em Jesus, arrebataram o caniço de Sua mão e bateram-lhe com ele na cabeça. Tudo isso era uma humilhação para Jesus: um rei em que podiam bater com o próprio cetro!
A narração neste ponto demonstra, inconscientemente, um traço de inatacável fidelidade: como os soldados não queriam tocar no precioso rosto de Jesus com as próprias mãos, maltratava-no com o caniço.
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Filipenses 1:9-11