Libertos dos laços da vida comum, rotineira, os discípulos viajavam com Jesus por toda a Palestina, como se estivessem vivendo uma segunda juventude, livres de tudo, sem nenhum compromisso com nada, sem cuidados materiais. Sim, viajando por sua região!
Podemos observar que, nas histórias a respeito da Galileia, são mencionados com muita frequência os diversos lugares por onde Jesus andou com seus discípulos, ao passo que o mesmo não acontece nas histórias referentes à Judeia.
Para o oriental, é muito mais natural do que para o ocidental falar de assuntos religiosos durante uma viagem. O rabino Simão supõe esse costume na sua máxima, que diz: “Se alguém, viajando, vai repetindo a lei e, em dado momento, interrompe-a, para exclamar: ‘Que bela árvore! Que lindo campo!’, a Escritura o considera digno de morte!” (Quão diferentes são as palavras de Jesus, que muitas vezes disse: Considerai os passarinhos do céu. Olhai os lírios dos campos!).
Conforme as viagens prosseguiam, ia crescendo no coração dos discípulos o amor para com seu Mestre. Cheios de expectativas, aguardavam o que poderia vir de uma palavra a outra, de um milagre a outro. E o que é mais importante: o que aconteceria no fim de tudo.
Jesus os arrebatava com uma nova vida que não podia mais ser avaliada pelos tempos da pesca e do descanso, pelos dias de chuva e os períodos de seca, mas pelas palavras que Ele lhes pronunciava e pelos milagres que realizava.
Que alegria imensa para esses homens simples ver Jesus, durante o dia, pregando às multidões, operando milagres e à noite, conviverem com Ele debaixo de um mesmo teto, como com um pai ou um irmão! Eles nunca tinham sido tão livres e tão ligados como agora: ligados ao Mestre, sem saber para onde Ele iria.
Chegaram, pois, os dias em que, pela manhã, a terra estava coberta de neblina e, quando o Sol a afugentava, brilhavam nas palhas ressequidas e nos espinheiros desfolhados grandes pérolas de orvalho. A colheita estava terminada. Com certa solenidade, media-se o trigo no terreiro. Medidores peritos no ofício atarefavam-se, enquanto os demais os contemplavam. Enterravam as medidas de madeira no mente de grãos, sacudiam-nas para que os grãos se apertassem mais; novamente enterravam as medidas. Deste modo, as medidas ficavam cheias e deixavam transparecer, por cima, uma coroa de grãos dourados. Foi justamente a esta medida que Jesus se referiu em sua parábola. (Mt 13.33)
Durante suas viagens com o Mestre por toda a região, os discípulos puderam assistir à transformação de Jesus, quando Ele começou a dedicar-se publicamente à missão para que veio ao mundo. Sempre novos milagres e novos ensinamentos resplandeciam diante dos discípulos. Dia após dia, Jesus ia revelando-se cada vez mais como o Messias, o que levava seus seguidores a compreenderem melhor a missão dEle.
Tudo estava acontecendo como quando a neblina escoava sob o efeito dos raios solares. A luz de Cristo tornava-se cada vez mais forte e mais ofuscante, e os discípulos começaram a enxergar melhor. Já não demoraria muito até que estivessem amadurecidos para a confissão: Tu és o Filho do Deus vivo! (Mt 16.16)
Os períodos em que os discípulos peregrinaram com Jesus foram de grandes transformações na vida deles!
TESOUROS NOVOS E ANTIGOS (*HEBRAICO BÍBLICO)
O ano novo soa em resoluções, novos começos e novos horizontes. Notas de novidade ressoam nas Escrituras de Israel , incluindo “novos céus e uma nova terra” (Isaías 65:17), “novo vinho” (Zc 9:17) e uma “nova aliança” (Jr 31:31). Jesus ecoa essa linguagem, declarando: “ Eis que estou renovando todas as coisas ” (Ap 21: 5). No entanto, no meio de toda essa novidade, podemos perder de vista o que aconteceu antes. Numa época em que alguns cristãos querem “desatrelar” o Antigo Testamento em favor do Novo, a Bíblia enfatiza uma interdependência contínua entre coisas antigas e novas , o que deve lembrar aos seguidores de Jesus que todos os dons de Deus, antigos e novos , são tesouros de valor duradouro.
O Cântico dos Cânticos fornece um modelo poético para entender a importância de valorizar tanto o antigo quanto o novo: “As mandrágoras emitem fragrâncias, e ao lado de nossas portas estão todos os frutos escolhidos, novos e antigos ( חדשים גם-ישנים ; hadashim gam -yeshanim ), que eu tenho colocado acima ( צפן ; tsaphan ) para você, meu amado”(07:13). Em outros lugares da Literatura de Sabedoria de Israel, o termo para “ depositado ” neste versículo ( ts ; tsaphan ) denota a preservação dos tesouros dados por Deus, incluindo mandamentos e conhecimentos divinos (por exemplo, Pv 2: 1; 7: 1; 10:14; cf. Jó 20:26; 23:12). Segundo o Cântico dos Cânticos, a nova fruta vem ao lado da antiga, mas a antiga não é substituída pela nova; em vez disso, tanto o antigo quanto o novo permanecem tesouros de igual valor.
Jesus também entendeu o sentimento no Cântico dos Cânticos e ecoou com referência aos ensinamentos contínuos de Deus, dizendo a seus discípulos: “ Todo escriba que foi treinado para o reino dos céus é como o dono de uma casa, que tira o tesouro de alguém. (θησαυρός; thusaurós ) aquilo que é novo e antigo (καινὰ καὶ παλαιά; kainà kaì palaià ) ”(Mt 13:52). Yeshua oferece novos e antigos tesouros como metáfora para a abordagem adequada de quem é aprendido nas Escrituras e no ensino divino; ao invés de deixar de lado o antigo em favor do novo, os seguidores de Jesus devem continuar a recorrer a ensinamentos antigos e novos.À medida que o ano novo se aproxima, vamos acolher o presente da novidade sem esquecer o valor contínuo do passado.
(*Texto Por Dr. Nicholas J. Schaser-Israel Bible - Editado por Costumes Bíblicos)
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Filipenses 1:9-11