TIAGO
A fé que age
Um apelo que se dirige diretamente a cristãos de origem judaica para que pratiquem a sua fé, em especial na comunidade cristã. Num estilo que lembra o livro de Provérbios, no AT, Tiago fala sobre fé e ações, sabedoria, riqueza e pobreza, provações e dificuldades, orgulho e preconceito, paciência e oração. |
A Carta a Tiago pode ter sido a primeira do Novo Testamento a ser escrita. Ela une o Antigo e o Novo Testamento. Ele escreve "às doze tribos que andam dispersas", e obviamente quer dizer "os judeus cristãos que moravam fora da Terra Santa". Tiago era o meio-irmão de Jesus Cristo e foi convertido quando Jesus lhe apareceu em Seu corpo ressurreto (1Co 15.7). Aparentemente, ele nunca saiu da Judeia e foi um dos pilares de Jerusalém (Gl 2.9). Tiago reflete a mente hebraica: ele é consciente, austero e legalista. A tradição fala do seu martírio em 62 d.C.
Autor: Tiago, filho de Maria e José, meio-irmão de Jesus.
Destinatários: As doze tribos da dispersão
Local da escrita: Desconhecido
Data: 40-42 d.C.
Palavra-chave: Tentações (gr. peirasmos)
Versículos-chave: Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque quando for provado, receberá a coroa da vida, a quel o Senhor tem prometido aos que o amam (1.12).
|
Tiago é a primeira de um grupo de sete epístolas "gerais", assim denominadas porque foram dirigidas a grupos de cristãos em várias partes do mundo greco-romano, e não a uma igreja específica.
Embora comece como uma carta (com remetente e destinatários), Tiago mais parece um discurso. Dá conselhos práticos sobre conduta cristã. Trata de diversos assuntos, como ricos e pobres, orgulho e humildade, sabedoria, paciência, oração, controle da língua, e, acima de tudo, fé e ações. Não deveria haver discrepância entre essas duas. Fé verdadeira se mostra na maneira como os cristãos vivem. Ela afeta a forma como eles enxergam a si mesmos e como eles consideram e tratam os outros. Tiago lembra aos seus leitores a necessidade de se ter padrões e valores genuinamente cristãos em todas as áreas da vida.
Nela aparece um forte senso de comunidade.
Ela reflete o conceito de sabedoria, encontrado na literatura de sabedoria judaica.
Há, nela, vários paralelos e alusões ao ensino de Jesus, principalmente no Sermão do Monte.
Algumas das palavras e expressões desta carta se assemelham a parte do discurso de Tiago no Concílio de Jerusalém, conforme registro de At 15.
Tg 1: Fatos, não palavras
O capítulo introdutório menciona quase todos os assuntos discutidos em detalhes posteriormente: provação (2,12-15), perseverança (3, 5.7-11), sabedoria (5, 3.13-18), oração (5-8; 4.2-3; 5.13-18), fé (6; 2.14-26), riquezas (9-11; 2.1-13; 5.1-6), a língua (19,26; 3.1-12; 4.11), o cristianismo em ação (22-25; 2.14-26). O estilo claro e sucinto e alguns dos temas lembram o livro de Provérbios no AT e a maneira de Jesus ensinar no Sermão do Monte (Mt 5--7).
Os comentários de Tiago nesse capítulo nos dão uma boa ideia de como os cristãos devem ser. Eles têm uma atitude positiva com relação às dificuldades da vida, conhecendo seu valor. Não culpam Deus quando as coisas dão errado. Sabem onde buscar ajuda e conselho. Seus valores são corretos. Sabem controlar a língua e o temperamento. Procuram descobrir os padrões de Deus e vivem de acordo com eles. Colocam sua fé em ação, algo que fica evidente a todos.
Dispersão (1) Veja Introdução e "A dispersão judaica".
V.5 Também Jesus orientou seus seguidores a pedirem a Deus, que dá coisas boas (Mt 7.7-11).
V. 12 Este texto ecoa o estilo das bem-aventuranças de Jesus (Mt 5.3-12).
Vs. 22-23 Compare com as palavras de Jesus em Mt 7.21,24-27.
V. 27 A religião verdadeira se mostra no cuidado pelos necessitados e na exemplaridade da vida.
Tg 2.1-13: Respeitem os pobres
É uma tendência humana natural admirar aqueles que estão acima de nós em termos sociais e desprezar aqueles que estão socialmente abaixo de nós. Não há nada cristão nisso. O certo é tratar a todos com o mesmo respeito - amar nosso próximo como nós mesmos, conforme o mandamento de Deus (8; Mc 12.28-31).
Lei da liberdade (12) A lei de Cristo é uma lei de misericórdia, que liberta as pessoas do castigo do pecado, algo que a lei de Moisés não podia fazer. Também Paulo fala da lei de Cristo em 1Co 9 e em Gálatas.
V. 13 Compare Mt 6.14-15; Mt 18.21-35.
Tg 2.14-26: Fé e ações
A fé que se resume a palavras não é fé verdadeira. Até os demônios acreditam em Deus, e o temem, mas isso não os livrará do juízo de Deus. A fé verdadeira age. Deus aceitou Abraão (Gn 15.1-6; Gn 22) e Raabe (Js 2) porque a fé deles resultou em ação: era fé genuína. Se aquilo em que acreditamos não afeta a maneira como vivemos e agimos, isso está morto.
V. 24 Tiago pode estar reagindo contra uma interpretação distorcida do ensino de Paulo (que somos "justificados" pela graça mediante a fé) promovida por alguns cristãos de origem judaica no âmbito das igrejas paulinas. O que Tiago diz aqui já foi usado (equivocadamente) para defender uma doutrina de salvação por obras.
Tg 3.1-12: Dominar a língua
Quem quer ser mestre na Igreja deve primeiro aprender a controlar a própria língua. Dominar esse que é o mais incontrolável e contraditório membro do corpo é ter auto-controle perfeito. Uma faísca pode incendiar uma floresta. Uma única palavra pode ser igualmente destrutiva - um veneno mortal. A mesma língua pode abençoar e amaldiçoar, fazer o bem e causar terrível mal. Essa inconsistência, segundo Tiago, vai contra todas as leis da natureza (11-12).
V. 6 Este texto é difícil. Parece dizer que "todas as más características de um mundo caído... são expressas" através da língua. Além de contaminar toda a personalidade, sua má influência continua ao longo de toda a vida.
V. 12 Semelhante à comparação que Jesus faz em Mt 7.16-18.
A cabeça de mulher enfeitada é de Chipre
|
Tg 3.13-18: A verdadeira sabedoria
A sabedoria "pura" vem de Deus e se revela em bondade, paz e misericórdia. Ela é muito diferente da sabedoria terrena. Esta se caracteriza por ambição egoísta e anseio por fazer carreira, afirmando seus próprios direitos. Tiago oferece uma espécie de sabedoria "contracultural", diferente da sabedoria convencional dos nobres e eruditos do mundo greco-romano.
Tg 4: Você é amigo de quem?
Tiago se volta da paz (3.18) para os conflitos (4.1-2). A origem das discussões e das brigas é a inveja: o desejo de conseguir algo e a determinação de obtê-lo a qualquer preço. Segundo Tiago, se agimos assim, somos amigos do mundo. E o amigo do mundo é inimigo de Deus (4). Não seja orgulhoso - seja humilde. Resista ao mal e sujeite-se a Deus que exalta os humildes (6-10).
Não critique nem julgue os outros, pois Deus é o único juiz (11-12).
Não pense que tem controle total de sua vida, pois também isto é algo que está nas mãos de Deus (13-16).
Tg 5.1-6: Uma advertência aos ricos
A riqueza representa um perigo todo especial (5.1-6; 2.6-7), pois dá às pessoas um falso sentimento de segurança. Ela isola as pessoas, fazendo com que se tornem insensíveis para com os que passam frio e estão com fome. Os ricos tem vida tão agradável que se esquecem do dia da prestação de contas. Mas Deus tudo vê e tudo ouve.
No estilo de um profeta do AT, Tiago denuncia aqueles que acumulam riquezas e deixam de pagar os salários. Também há reflexos de Provérbios nessas afirmações.
Compare com a parábola do rico insensato, contada por Jesus (Lc 12.16-21).
V. 2 Compare com Mt 6.19.
"Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo." (Tg 5.16) |
Tg 5.7-20: Paciência e oração
Tiago continua a refletir sobre o dia da vinda de Deus. Os cristãos precisam ter paciência nesse tempo de espera: a paciência de um lavrador e a paciente perseverança em meio ao sofrimento que vemos nos profetas e em Jó.
No final, tudo deu certo para Jó, e o mesmo acontecerá conosco.
Você tem problemas? Então ore. Está feliz? Louve a Deus. Está doente? Deus salva, em resposta à oração feita com fé. Elias era um ser humano como nós. Pense no poder da oração de Elias (1Rs 17.1; 18.1), e que isto sirva de encorajamento para você.
As palavras finais de Tiago, ditas, talvez, ainda no contexto de oração, tratam daquele que se desviou da verdade. Se alguém da comunidade se afasta de Deus, outra pessoa deve ir e trazê-lo de volta. Esse retorno significa que uma alma foi salva e uma multidão de pecados foi perdoada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar! Fica na paz!
E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento,
Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11