Em alguns casos, essa relação é óbvia. Encontramo-nos numa encruzilhada bem clara e distinta. e ali, de forma consciente e deliberada, tomamos a resolução de virar à direita, ou à esquerda, ou de seguir em frente. Desse tipo de escolha, nós gostamos.
Parece que imediatamente acendem-se todos os sinais verdes de uma dessas direções, a luz do sol volta a brilhar por entre nuvens, confirmando o caminho que se abre, e uma meia dúzia de diáconos impõem as mãos sobre nosso ombro, abençoando nossa jornada.
Mas não é sempre que isso acontece. Muitas das mais cruciais que temos de fazer sobrevêm-nos quando nos encontramos em campos vastos, solitários, onde não vemos a menor pegada. Outras ocorrem quando nos achamos em vias congestionadas, cercados de tanta gente, que parece que ao chegarmos à faixa de pedestres, para atravessar a rua, nossos pés mal tocam o solo. Algumas decisões situam-se bem à nossa frente, e temos muito tempo para pensar nelas, antes de alcançarmos essa encruzilhada. Outras, porém, como que se abrem de repente, a nossos pés, exigindo de nós uma decisão imediata.
Em momentos assim, quando uma crise surge de repente, sem qualquer espécie de aviso, o que importa não é o que sabemos, mas a quem conhecemos. E a pergunta mais importante a ser feita não é "será que estou indo na direção certa?" mas, sim, "será que estou caminhando com o Guia?" Aquele que está andando diariamente ao lado do Deus vivo, recebendo dele tudo de que precisa para a vida, vê uma crise apenas como mais um passo a ser dado.
"Aqui estou eu, Senhor, precisando tomar uma decisão imediata. Tu sabes que quero fazer aquilo que quiseres, portanto, siga em frente. Estarei logo atrás."
Mas aquele que vive sua vida sempre em função de si mesmo, - segundo suas próprias opiniões - vai ficar apavorado diante de uma crise. Uma conversão na direção errada pode alterar toda uma existência.
Dois homens - Saul e Davi - chegaram a uma encruzilhada ao mesmo tempo, e ali se separaram.um deles alcançou as alturas, recebeu honras jamais igualadas, enquanto o outro, infeliz e destroçado, caiu nos abismos do esquecimento.
E os dois tinham recebido os mesmos privilégios, as mesmas oportunidades; tinham tido a mesma formação, recebido as mesmas bençãos grandiosas. E no entanto somente um deles foi honrado nos anais da sua terra, Israel. Hoje a "estrela de Davi" drapeja altaneiramente no cimo do "Hotel Rei Davi", em Jerusalém. Imagine só! Passados trinta séculos o nome de Davi ainda é reverenciado em todo o mundo, enquanto Saul, que foi o primeiro rei de Israel, acha-se praticamente esquecido.
As ruínas arqueológicas nos levam ao começo da história da cidade de Jerusalém. “Davi passou a morar na fortaleza e por isso ela foi chamada de Cidade de Davi. |
Decisões! Durante toda a nossa vida encontramos decisões difíceis a serem tomadas; decisões irreversíveis. No caso de Saul e Davi, foram algumas decisões momentâneas que ocasionaram a diferença no destino final deles. Não foi o ambiente em que viveram. Não foram seus pais, nem a criação que tiveram. Foram as decisões que fizeram em momentos críticos. E se pensarmos bem, são essas decisões que determinam nosso rumo também.
Ungido e Indicado
Tanto Saul como Davi receberam o óleo da unção, das mãos do profeta Samuel, sentindo-se escorrer por seus cabelos e cair em seus ombros largos. E ambos eram jovens.
Com relação a Saul, a Bíblia diz o seguinte:
Porque o Senhor revelara isto aos ouvidos de Samuel, um dia antes que Saul viesse, dizendo: Amanhã a estas horas te enviarei um homem da terra de Benjamim, o qual ungirás por capitão sobre o meu povo de Israel, e ele livrará o meu povo da mão dos filisteus; porque tenho olhado para o meu povo; porque o seu clamor chegou a mim. E quando Samuel viu a Saul, o Senhor lhe respondeu: Eis aqui o homem de quem eu te falei. Este dominará sobre o meu povo. 1 Samuel 9:15-17 |
Saul não ambicionava a posição de rei. Nesse aspecto, ele foi como o rei Jorge VI da Inglaterra, e como os presidentes Lyndon Johnson e Gerald Ford, dos Estados Unidos. Lyndon Johnson chegou ao poder pelo assassinato do presidente Kennedy, e Gerald Ford, devido à renúncia do presidente Nixon. O rei Jorge VI subiu ao trono porque seu antecessor abdicou. Saul foi ungido, o que significa que ele foi indicado. O próprio Deus o escolhera, dizendo: "Saul será rei de Israel."
Davi também foi indicado por Deus. O mesmo profeta que havia ungido Saul, teve que ir, com outra vasilha de óleo, a uma certa casa de Belém. E no momento certo, Deus disse a Samuel:
"Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jessé o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei."
(1 Samuel 16:1)
(1 Samuel 16:1)
Então o profeta foi à casa de Jessé e pediu para ver os filhos dele. E os sete filhos, um a um, passaram diante de Samuel, e este os olhava, pensativo, alisando a barba branca. Parece que até vejo o velho Samuel fitando o belemita com um olhar penetrante, os olhos duros, sob sobrancelhas grossas.
-- Tem certeza de que estão todos ai? bradou o profeta.
-- Bom... todos eles? Hmmm... bom... quase todos. Quero dizer... não todos eles... tem mais um lá no pasto... mas é um garoto, sabe, está cuidado de algumas ovelhas. Mas você não iria... isto é, ele não poderia ser... hmmm... acho que nós não deveríamos...
-- Mande chamá-lo!
"Então mandou chamá-lo, e fê-lo entrar. Era ele ruivo, de belos olhos e boa aparência. Disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, pois este é ele." (1 Sm 16.12.)
Regenerados
E Saul e Davi não foram apenas indicados; ambos tinham tido uma experiência de regeneração. Muitas pessoas me perguntaram:
-- Você acha mesmo que Saul era "regenerado"? E eu respondo que sim. Embora ele tenha terminado a vida de forma trágica, em meio a tristes fracassos, a Bíblia dá indicações claras de que ele tivera uma experiência de novo nascimento.
Alguns capítulos antes, no capítulo 10, encontramos a narrativa de um encontro que Saul teve com alguns profetas, pouco depois de ter sido ungido. Samuel já predissera que isso iria acontecer, para comprovar que Deus escolhera para rei o jovem benjamita. Vejamos alguns trechos dos versos 5 a 10.
"Então seguirás a Gibeá-Eloim... tu serás mudado em outro homem... Deus lhe mudou o coração... o Espirito de Deus se apossou de Saul."
Será que isso não quer dizer que Saul era um homem salvo? Quando dá um novo coração a uma pessoa e o Espírito Santo se apossa dela, que mais se pode exigir? Se isso não é nascer de novo, então não sei o que é nascer de novo.
Sabemos que Davi era regenerado porque Deus diz o seguinte a seu respeito: "Achei a Davi, filho de Jessé, homem segundo meu coração, que fará toda a minha vontade." (At 13 .22.) Uma pessoa que se acha em sintonia tão perfeita com o coração do próprio Deus deve ser regenerado.
Tudo Isso e Boa Aparência Também
Além disso, os dois gozavam de grandes vantagens físicas. Encontramos a descrição de Saul em 1 Samuel 9.2, do qual a Bíblia diz o seguinte:
"... moço, e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro mais belo do que ele: desde os ombros para cima sobressaía a todo o povo."
O filho de Quis era um desses homens que fazem as pessoas virar a cabeça para olhá-lo de novo; tipo astro de Hollywood. Era mais alto que todos, sobressaindo dos ombros para cima. Se ele vivesse hoje, os "olheiros" dos times de basquete profissional fariam fila á porta de sua casa. Pelo lado humano, ele possuía todas as qualidades que a maioria das pessoas procura num líder.
-- Olha, esse homem é líder, diriam as pessoas ao vê-lo. Veja como ele é alto. E que bigode tem ele!
Nem sempre é assim, mas muitas pessoas pensam dessa maneira, e o povo de Israel não era exceção.
Depois encontramos Davi, alguns anos mais tarde. Na ocasião em que foi ungido era um pouco mais jovem que Saul. A Bíblia o descreve assim: "Ele era ruivo, de belos olhos e boa aparência," (1 Sm 16.12.)
A palavra ruivo aqui significa queimado de sol. Ele tinha aparência de pessoa saudável. Mas aquele seu tom bronzeado tinha algo de especial. Na verdade, todo mundo via algo de especial na aparência de Davi. Sua mãe o achava bonito devido ao seu tom bronzeado; as moças o achavam belo por causa de seus lindos olhos; e ele era mesmo tão simpático que até os homens tinham de reconhecer que ele possuía boa aparência.
E, como Saul, esse privilegiado espécime humano também fora cheio do Espírito de Deus desde a meninice.
Escondido Entre a Bagagem
Mas apesar de todos esses atributos, esses dois homens iniciaram sua meteórica carreira com uma atitude de humildade. Mesmo sendo jovens, não eram arrogantes, nem estavam a pisar por cima dos outros.
Saul era tão humilde que quase perdeu a festa da coroação. O povo estava todo reunido, vindo de todas as partes do país, para ver aquele forte homem da tribo de Benjamim ser coroado rei. As bandas tocavam; bandeiras drapejavam ao vento; todo pronto. Mas faltava uma pessoa: Saul. Ninguém conseguia encontrá-lo. Afinal, alguém avisou seu corpanzil meio escondido atrás de um baú e de um saco de viagem, na saleta onde se guardavam as bagagens. Em vez de se pôr a caminhar garbosamente entre a multidão, dando autógrafos e beijando as crianças, como faria qualquer político sensato no meio de tanta gente, o futuro rei estava querendo passar despercebido. E por que se escondia ele? Porque tinha uma atitude humilde. Embora fosse um homem bonito, fosse regenerado e tivesse sido identificado por Deus para ocupar o trono, Saul sentia que não era merecedor da posição. Parecia que estava desejando que aquilo tudo acabasse logo para ele poder retornar à fazenda de seu pai, na região dos benjamitas.
Pouco depois, alguns "filho de Belial" debocharam dele e menosprezaram sua condição de rei, mas ele não revidou.
--Vocês acham que ele aí vai nos libertar? diziam zombando. Ah, nós vamos é atrapalhar a vida dele.
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Filipenses 1:9-11