COSTUMES BÍBLICOS: Recriando o passado


Recriando o passado

O tell (monte formado por ruínas) 
da cidade bíblica de Laquis.
RECRIANDO O PASSADO

"A arqueologia prova que a Bíblia é verdadeira?"
Esta é uma pergunta feita frequentemente a arqueólogos que também trabalham com a Bíblia. O indagador geralmente quer saber se há evidência arqueológica de que eventos específicos aconteceram.Na realidade a arqueologia raramente dá evidência deste tipo. Na maioria dos casos ela dá um contexto no qual a Bíblia pode ser mais bem compreendida.
DESENTERRANDO CIDADES ANTIGAS
Até recentemente grande parte da arqueologia bíblica envolvia a escavação de tells, montes feitos de ruínas de cidades antigas. As cidades nos tempos da Bíblia geralmente eram reconstruídas várias vezes no mesmo local, muitas vezes após a destruição por inimigos, incêndios ou terremotos. Uma cidade que é frequentemente reconstruída sobre suas próprias ruínas acabará formando um monte de tamanho considerável e tal monte é um tell em árabe (ou tel em hebraico). Escavar um tell significa cavar por várias camadas (ou estratos), sendo que cada camada representa um período de ocupação. Escavação e registro cuidadosos capacitam arqueólogos a compor a história de uma cidade, a ver mudança no seu status e na sua cultura.
Novas abordagens 
Instrumentos de arqueólogos 
Atualmente, a arqueologia envolve muito mais que a escavação de tells (sítios arqueológicos). Levantamentos regionais podem nos
ajudar a ver como cidades, vilas e acampamentos nômades estavam relacionados, e a entender o clima, a produção de alimentos e os padrões mutantes de assentamento da antiguidade.
Estas abordagens aparentemente não estão relacionadas com a Bíblia (e alguns arqueólogos não gostam do termo "arqueologia bíblica"), mas, se elas nos capacitam a entender como a sociedade funcionava nos tempos bíblicos, podem indiretamente esclarecer a Bíblia para o leitor moderno.
UMA HISTÓRIA DE ADVERTÊNCIA 
As primeiras tentativas de ligar descobertas arqueológicas à Bíblia levaram a algumas conclusões enganosas. A descoberta de uma série de longas construções retangulares em Megido em 1928 foi interpretada como se fosse estábulos e foi datada do período de Salomão. A descoberta logo foi ligada a uma referência, feita em 1Rs 9.15, de que Salomão reconstruiu Megido e as "cidades onde ficavam os seus carros de guerra" mencionadas três versículos depois.
Subsequentemente as construções foram datadas do reinado de Acabe, um século depois de Salomão. Agora se sugere que estas construções são ainda mais recentes e alguns arqueólogos duvidam que sequer sejam estábulos. Isto deve nos advertir contra estabelecer conexões precipitadas. A evidência arqueológica nem sempre é fácil de interpretar. 
Descobertas de construções
em Megido 
CERÂMICA AUXILIA A DATAÇÃO 
As datas dos estratos de um tell geralmente são estabelecidas por sua cerâmica. Estilos de cerâmica estavam sempre mudando; assim, fragmentos de cerâmica (sempre abundantes em camadas de ocupação) são uma boa pista para a data em que determinado estrato era uma cidade próspera. Em última análise, as datas da cerâmica dependem de ligações com o Egito ou a Mesopotâmia, regiões nas quais longos períodos de história antigos foram reconstruídos a partir de listas de reis. 
Esclarecendo o Antigo Testamento 
Em geral a arqueologia esclarece o contexto cultural, ao invés do contexto histórico de um evento Bíblia, como demonstrado por estes exemplos do Antigo Testamento.
Templo de Salomão 
A planta do Templo de Salomão, com sua divisão tripla, tem semelhanças com templos cananeus do final da Era do Bronze e com um templo posterior do norte da Síria. Em seu interior, o Templo de Salomão tinha painéis de madeira entalhados com querubins, palmeiras, cabeças e flores. Placas de marfim entalhado em estilo fenício, encontradas em Samaria e na Síria e Assíria, são semelhantes a essas decorações do Templo de Salomão.
A prática de Salomão de revestir grande parte da decoração interior do Templo com ouro pode ser ilustrada por templos egípcios.
Estes exemplos nos ajudam a imaginar o Templo de Jerusalém. Eles também mostram que os detalhes da descrição são completamente plausíveis no seu devido contexto.
Produção de azeite de Oliva 
Estes jarros eram usados 
para armazenar 
óleo de oliva 

O azeite de oliva era um dos produtos mais importantes dos tempos bíblicos (Os 2.8, etc.). Era usado na cozinha, na iluminação das casas, na fabricação de cosméticos e em vários rituais.
Escavações em Ecrom (Tel Miqne, na planície litorânea a oeste de Jerusalém ) têm esclarecido a produção de óleo de oliva do século sete a.C.
Bacias retangulares e compressores de pedra eram usados para amassar as azeitonas e cada bacia tinha a seu lado dois tonéis para prensar a polpa a fim de produzir líquido (20-30% de óleo). Vários pesos de pedras de 77 quilos eram usados no processo de prensagem. Calcula-se que as 115 prensas de óleo de Ecrom podiam produzir 500 toneladas, ou 652.500 litros por ano.
Inscrições 
Há, hoje, várias evidências arqueológicas de que certo nível de alfabetização era comum no Israel antigo, como a Bíblia sugere (veja, por exemplo, Jz 8.14, Is 10.29). Inscrições em cerâmica e vasos de pedra, em túmulos, pesos, marfins e selos foram descobertas em diversas localidades. Alguns nos esclarecem indiretamente acerca da sociedade israelita.
Uma coleção de óstracos (fragmentos de cerâmica com inscrições) da Samaria, que data do século 8 a.C., registra o pagamento de impostos em espécie (vinho e óleo) aos armazéns da cidade. Eles revelam que alguns indivíduos supriam em grandes quantidades - um sinal de que eram proprietários de grandes fazendas. A concentração de terras nas mãos dos ricos foi muito condenada pelos profetas do século 8, pois isto ocorria geralmente às custas dos pobres (Am 8.4; Mq 2.2; Is 5.8).
As vitórias do Faraó Merneptá (cerca de 1208 a.C.) foram registradas nesta estela (mais de 2m de altura). Ela contém a referência mais antiga, além da Bíblia, a um povo chamado Israel. 
Na antiguidade, era comum usar fragmentos de cerâmica, que sempre estavam à mão, para fazer breves registros e escrever cartas. 
Havia métodos diferentes de extrair óleo de oliva: o mais antigo era a viga e o peso; depois veio o pesado rolo de pedra; e, finalmente, a prensa. 


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