Obadias ("servo de Deus") é o menor livro do Antigo Testamento. Seu curto cabeçalho não fornece detalhes a respeito do profeta ou da época de seu ministério. A tradição judaica associava-o ao Obadias que serviu na corte do rei Acabe (1Rs 18.1-16), mas isso parece ser improvável.
Resumo
Uma profecia contra Edom
Deste profeta, não se sabe nada além do nome, que significa "servo de Deus". Sua profecia diz respeito à queda de Edom (para outras profecias contra Edom, veja Is 34.5-15; Jr 49.7-22; Ez 25.12-14; 35.1-15; Am 1.11-12).
Edom ocupava a região montanhosa a sudeste do mar Morto. A capital, Sela (agora Petra), ficava num planalto acima de um desfiladeiro rochoso, e o acesso se dava através de uma estreita fenda (cerca de 4 m de largura). Era praticamente inexpugnável. De lugares fortificados nas montanhas como esse, os edomitas lançavam seus ataques contra a Palestina. Como descendentes de Esaú, eram parentes dos israelitas, mas jamais houve um bom relacionamento entre os dois povos. O ultraje final _ e o motivo da profecia de Obadias _ foi a invasão de Judá patrocinada pelos edomitas, enquanto Jerusalém estava sendo saqueada pelos babilônios em 587 a.C.
Obadias denuncia o orgulho de Edom (3). Os edomitas consideravam suas fortalezas invencíveis, mas eles seriam totalmente destruídos (8-10).
No século 5 a.C., os árabes tomaram Edom, e, no século 3, a região foi conquistada pelos nabateus (que construíram a cidade de Petra, na atual Jordânia). Alguns edomitas se instalaram no sul de Judá. Herodes o Grande, rei dos judeus na época do nascimento de Jesus, era descendente deles. Após o ano 70 d.C., os edomitas desapareceram completamente da história.
Em contraste com o Edom despojado, Israel voltaria a possuir uma grande extensão de terra, que incluiria inclusive o antigo território edomita (17-21).
Obadias anunciou juízo sobre Edom.
Na foto (direita) pode-se vê a fortaleza de "Sela" (Umm al Biyara, que significa "cisternas"), antiga capital de Edom
»Temã (9) Importante cidade de Edom, pátria de Elifaz, amigo de Jó. O monte Esaú (ARA) é o monte Seir.
»V.19 "Neguebe": o deserto do sul; "planície": a Sefelá, ou região de colinas que fica junto à planície costeira ocidental; "Efraim e Samaria": o reino do Norte, Israel; "Gileade": a leste do Jordão.
»V.20 "Sarepta" (1Rs 17.9; Lc 4.26) ficava entre Tiro e Sidom, na Fenícia (hoje Sarafand, no Líbano); "Sefarade" pode ser Sardes, na região onde hoje fica a Turquia.
Uma curiosidade hebraica sobre Esaú (Pai dos edomitas - Edom)[*]
Existem certos textos na Bíblia que fazem os seguidores de Cristo modernos se encolherem. Uma das mais difíceis é a declaração de Jesus sobre odiar o pai e a mãe para ser seu verdadeiro discípulo (Lucas 14:26). A chave para resolver essa dificuldade está escondida no antigo significado da palavra hebraica שנא ( soneh ) traduzida incorretamente como “ódio”.
Lemos que Deus amou Jacó, mas “odiou” Esaú (Malaquias 1:3). No entanto, podemos ver que Deus realmente abençoou Esaú grandemente (Gn 33:9), mesmo alertando os israelitas para não atacarem os filhos de Esaú ou arriscar a retirada de Sua proteção se eles o fizessem (Dt 2:4- 6).
Na verdade, a narrativa da Torá é desenvolvida de tal forma que qualquer um que ouça a história da bênção roubada e o engano de Isaque por Jacó simpatizaria com Esaú em vez de Jacó! Não há dúvida de que Deus amou Jacó com seu amor de aliança (um tipo diferente de amor e cuidado do que ele teve por Esaú), mas Ele não o “odiou” no sentido moderno da palavra. A tradução também nos diz que Jacó “odiava” sua primeira esposa Lia. Após uma leitura mais atenta, no entanto, fica claro que Jacó amava Raquel mais do que Lia (ver Gn 29:31). Nesses casos, שנא ( soneh ) significa “amar alguém/algo menos”.
Na Torá, Deus permite o divórcio com base em certas circunstâncias rigorosas que tornariam impossível a continuidade de um relacionamento conjugal. Em outras palavras, Deus permite o divórcio em algumas circunstâncias. Quando nossas traduções dizem que Deus “odeia” o divórcio (Ml 2:16), devemos desafiar nossas traduções em inglês e exigir uma interpretação mais nuançada (e precisa). Todos nós sabemos que o divórcio é uma das experiências mais dolorosas que qualquer ser humano pode passar na vida. Mas há uma coisa ainda pior do que o divórcio: um casamento abusivo. A Torá protegeu as pessoas da necessidade de continuar neste vínculo ímpio. Naturalmente, o divórcio e o novo casamento (mesmo com base bíblica) não são o ideal, mas traduzir Malaquias 2:16 como “Deus odeia o divórcio” e interpretá-lo como uma proibição geral da separação conjugal é uma terrível deturpação do amor de Deus sobre nossos mundo quebrado.
Quantas outras passagens da Bíblia não entendemos porque falhamos em entender sua origem judaica? (*Esse texto é parte de um artigo publicado originalmente em Israel Bible Center-Editado aqui por Costumes Bíblicos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar! Fica na paz!
E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento,
Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11