A. Passagem referindo-se às línguas.
1 - Desconhecidas no Antigo Testamento. Alguns sugerem que as línguas estavam em vista quando certos indivíduos profetizaram, como:
a- Os 70 anciãos de Israel (Nm 11.25).b- O rei Saul (1Sm 10.5-11; 19.20-24).
c- Os sacerdotes de Baal (1Rs 18.29).
Entretanto, se isso for verdade, surge uma séria complicação, pois Saul era um homem desprezado por Deus (1Sm 28.6), e os sacerdotes de Baal eram adoradores do diabo!
Além disso, Jesus profetizou que Seus discípulos falarão novas línguas, indicando que o dom de línguas ainda não havia sido dado (veja Mc 1.17).
2 - Conhecidas apenas no Novo Testamento.
a- O registro profético.
A promessa em Marcos (Mc 16.17).
b- O registro histórico.
Em três relatos em Atos dos Apóstolos.
(1) Em Jerusalém (At 2.1-4).
(2) Em Cesareia (At 10.44-47).
(3) Em Éfeso (At 19.1-7).
c- O registro doutrinal (1Co 14.5,5,13,27,28).
Quais são as várias visões sobre línguas?
A- Era a habilidade sobrenatural de falar em uma língua humana não aprendida.
- Pelo fato de a palavra glossa ter 50 ocorrências no Novo Testamento em grego. Dessas ocorrências, ela refere-se ao órgão físico 16 vezes (veja Tg 3.5), refere-se às chamas de fogo uma vez (At 2.3) e à linguagem humana 33 vezes.
- Por causa da descrição dos eventos do Pentecostes (At 2.6-11). Pedro diz que o falar em línguas que testemunhou em Cesareia era idêntico ao do Pentecostes (At 11.15). O Dr. John Walvoord diz que a linguagem não oferece distinções: O uso de termos idênticos para referir-se às línguas em Atos dos Apóstolos e em 1Coríntios não oferecem embasamento para uma distinção. Em todas as passagens, o mesmo vocabulário é usado, laleo e glossa, em várias construções gramaticais. Com base no grego e na afirmação do texto, não há distinção. (The Holy Spirit. p. 183).
- Os discípulos que falaram em línguas no Pentecostes foram acusados de embriaguez (At 2.13), uma acusação que não seria feita se a língua fosse de natureza terrena.
- As palavras de Paulo em 1Co 14.2.
- Paulo tinha o dom de línguas (1 Co 14.18), mas não era capaz de compreender a língua humana em licaônica, em Atos dos Apóstolos. 14.11.
- Em Atos dos Apóstolos 2.4, a expressão outras línguas é uma tradução do grego heteros, que significa "de um tipo diferente" (veja também Gl 1.6,7).
- Alguns dos relatos (como o de At 2) referem-se à linguagem humana desconhecida, enquanto que outros relatos (como o 1Co 14) referem-se à língua dos anjos.
Qual era o propósito do dom de línguas?
A- Tinha pelo menos três propósitos.
- Tranquilizar. Isso quer dizer que o dom de línguas (assim como os outros dons de sinais) servia para validar o mensageiro e a mensagem.
- Repreender (1Co 14.21,22). Pergunta: Como as línguas podem ser um sinal para os infiéis? Quem são os infiéis? A resposta de como e quem está nesta frase: Está escrito na lei (1 Co 14.21). Ele refere-se à incrédula Israel. Paulo cita Isaías 28.11,12. Nessa altura, compreender o contexto histórico é vital. Depois que as dez tribos do sul de Israel foram levadas em cativeiro pelos assírios, Isaías alertou as duas tribos restantes do sul (Judá e Benjamin) sobre o mesmo julgamento que as esperava, a não ser que se arrependessem (Is 28). Em essência, Deus diz para Judá por intermédio de Isaías: Certo, como eu não consigo alcançar vocês na língua hebraica, vou atrair a sua atenção, no entanto, quando lhes falar por meio da boca dos soldados inimigos na língua assíria e babilônicas!" (paráfrase do autor). Dessa forma, ser comunicado por Deus em uma linguagem não hebraica era um símbolo de julgamento para a mente dos hebreus. Moisés e Jeremias escreveram isso de maneira similar (Dt 28.49; Jr 5.15). Então, da mesma forma que línguas estrangeiras simbolizavam julgamento para os hebreus, as línguas também serviam como sinal para a Israel incrédula. Pedro, depois, reafirmou claramente tudo isso no Dia de Pentecostes (At 2.4; 22,23,40).
- Revelar. Quando Paulo se sentou e escreveu 1Co 14, existiam, na época (53 d.C.), apenas quatro dos 27 livros do Novo Testamento (Tiago, Gálatas, 1 e 2 Tessalonicenses). Não havia registro escrito disponível sobre assuntos importantes, como:
a- A doutrina da igreja (discutida mais tarde, em Efésios e Colossenses).
b- A doutrina de justificação, santificação e glorificação (discutida, mais tarde, em Romanos).
c- A doutrina da apostasia (Judas).
d- O perdão cristão (Filemom).
e- O sacerdócio de Cristo (Hebreus).
f- A vida de Cristo (quatro Evangelhos).
g- Culto prático cristão (1 e 2 Pedro).
h- O amor cristão (conforme encontra-se em 1,2, e 3 João).
i- Conselho para pastores e diáconos (discutido em 1 e 2 Timóteo e Tito).
Em vista de tudo isso, nenhum cristão poderia citar ou reivindicar a abençoada verdade de 2 Timóteo 3.16,17, porque ela ainda não havia sido escrita. Portanto, um dos motivos das línguas era revelar as verdades espirituais necessárias antes da conclusão do Novo Testamento.
Mas, a partir de 100 d.C. (a provável data em que o último livro das Escrituras, Apocalipse, foi escrito), não havia necessidade para mais instrução celestiais por meio de veículo das línguas.
B- Não foi feito com o propósito de falar-se em línguas.
- Não era para edificação da igreja (1Co 14.4,19).
- provavelmente, não era para edificação pessoal. Pode-se fazer uma objeção aqui, porque Paulo disse: O que fala língua estranha edifica-se a sim mesmo (veja 1Co 14.4). Entretanto, isso traz um problema. Se as línguas são para edificação pessoal, e se a igreja estava cheia de pessoas que tinham esse dom (conforme o contexto indica, veja 1Co 14.23), então, por que é que, além da igreja de Laodiceia (Ap 3.14-18), esse grupo era, provavelmente, a congregação mais carnal do Novo Testamento? A resposta pode ser nenhum dom deveria ser usado para edificação pessoal de forma egoísta. Em outras palavras, Paulo poderia, na verdade, estar repreendendo o povo pelo uso antibíblico do dom.
- Não era para demonstrar salvação ou batismo com o Espírito (Rm 6.3,4; 1Co 12.13; Gl 3.27,28; Ef 4.5; Cl 2.9-12).
O que Paulo disse sobre o dom de línguas?
O apóstolo Paulo lista esses fatos em sua primeira carta à igreja de Corinto:
A- Falar em uma língua conhecida ajuda a todos (1Co 14.3).
B- Falar em línguas não ajuda o cristão na igreja (1Co 14.4).
C- A língua, assim como um instrumento musical, é inútil se não for ouvida e compreendida de forma distinta (1Co 14.7).
D- A distinção, às vezes, pode ser a diferença entre a vida e a morte (1Co 14.8).
E- Embora Paulo tenha falado em línguas (veja 1Co 14.18), não há ênfase nisso em quaisquer de seus testemunhos (como diante de Félix e Agripa) ou em suas viagens missionárias. Embora ele não tenha proibido o falar em línguas, também não incentivou que falassem de forma especial, pois percebeu que nem todos os cristãos daqueles dias o possuíam (1Co 12.30; 14.39). Portanto, o ensinamento atual de que todos os cristãos devem falar em línguas para serem salvos ou santificados é antibíblico.
F- Paulo ensinou que, na igreja, pregar ( profetizando e revelando) era preferível a dez mil palavras em língua desconhecida (1Co 14.19).
Quais são algumas das regras e regulamentos sobre as línguas?
A- Falar em línguas de forma unânime era algo proibido (1Co 14.23).
B- Pregar, não línguas, é o método que Deus usa para salvar os perdidos (1Co 14.24,25).
C- Falar em línguas deveria ser limitado em número, com uma pessoa falando por vez (1Co 14.27).
D- Mulheres eram proibidas de falar em línguas (1Co 14.34).
Em 1 Coríntios 11, Paulo havia permitido que a mulher orasse e oferecesse profecias na igreja local (1Co 11.5), mas aqui, no capítulo 14, ele proíbe que ela fale em línguas.
E- Todas as coisas da casa de Deus deveriam ser feitas com decência e ordem (1Co 14.40).
O dom de línguas é para hoje?
Como era de esperar-se, há duas opiniões aqui:
A- Alguns dizem que sim.
- Por causa da natureza imutável daquele que dá os dons. De acordo com Efésios 4.7,8, a fonte de todos os dons espirituais é Jesus Cristo, que nos deu o Espírito Santo (1Co 12.11), afim de que Ele os distribuísse aos cristãos. De acordo com Hebreus 13.8, Jesus é o mesmo ontem, hoje e será sempre. Portanto, Seus dons para os cristãos continuam na atualidade.
- Porque Paulo afirma, em 1 Coríntios 13.8, que o dom de línguas continuará enquanto existir o dom da ciência. Assim como a ciência ainda é operacional, o dom de línguas também é.
- Porque 1 Coríntios 13.9-12 indica que todos os dons continuarão até que os cristãos entrem no céu.
- Porque está escrito que o dom de línguas é um sinal divino para os incrédulos (1Co 14.22). Portanto, nesses últimos dias perversos e descrentes, as línguas e os outros dons de sinais servirão para validar a mensagem do evangelho para os que não creem.
B- Alguns dizem que não.
- Porque, na conclusão do maior dom sobrenatural, a Bíblia, não haverá, no entanto, necessidade ou função para os dons de sinais originais, incluindo línguas. Paulo indica isso em 2 Timóteo 3.16,17.
- Porque as línguas não foram mais mencionadas por Paulo depois de 1Co 14.
- Porque Pedro, Tiago, João e Judas, os autores do Novo Testamento restantes, nunca se referiram às línguas.
- Porque as línguas não são mencionadas como fruto do Espírito (Gl 5.22,23).
- Porque Paulo indica que as línguas acabarão (1Co 13.8).
- Porque, em 2 Timóteo 3 e Tito 1, as línguas não são mencionadas como qualificação para ser pastor ou diácono.
- Porque, em Apocalipse 2,3, Cristo fala a Suas sete igrejas da Ásia Menor, mas nunca se refere às línguas.
- Porque, nos três séculos após o período apostólico, há apenas duas referências às línguas nos escritos dos pais da igreja.
Pergunta: Há um versículo definitivo provando que as línguas cessarão de fato? Muitos responderiam afirmativamente, indicando 1 Coríntios 13.8.
No entanto, o movimento a favor das línguas rapidamente indicaria que, assim como as profecias não "foram aniquiladas", nem a ciência "desapareceu", então, conclui-se que as línguas não cessarão. Deve ser dito aqui, entretanto, que a tradução King James dos verbos gregos é enganosa, para dizer o mínimo. A Bíblia New American Standard traduz da seguinte forma: O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; se há conhecimento, ele será aniquilado.
Em outras palavras, o verbo grego original katargeo (usado para descrever as profecias e a ciência) nunca diz que os dons "falharão", mas que desaparecerão. Além disso, a palavra grega pauo (traduzida da mesma forma na KJV e na NASB), usada para descrever as línguas, significa, de fato, cessar, parar ou refrear-se. Por fim, os três dons espirituais mencionados em 1 Coríntios 13.8 são profecia, língua e ciência. Este estudo já tratou dos dois primeiros, mas o que era o dom da ciência? Na verdade, ele pode ser uma referência ao dom sobrenatural de receber e transmitir para o papel um livro ou parte do Novo Testamento. Esse dom será examinado com mais detalhes em uma seção posterior. Portanto, diante disso tudo, um forte argumento pode ser feito, afirmando que as línguas, juntamente com pelo menos dois outros dons de sinais, de fato, desaparecerão.
Por que se fala em línguas?
A resposta para essa pergunta deve ser guiada com oração e cuidado, de acordo com os ensinamentos de Romanos 14.10-12, 1 Coríntios 3.13-15, 4.1-5 e 2 Coríntios 5.10:
A- Nenhum cristão deve julgar, de forma arbitrária, a motivação de outro cristão sincero sem antes dar a ele o mesmo benefício da dúvida que gostaria de receber!
B- Todos os cristãos, um dia, serão julgados (no sentido de prestação de contas) pelo próprio Salvador no tribunal *bema de Cristo!
*[A palavra “tribunal” vem do grego bema. O conceito de bema vem das Olimpíadas antigas. Um juiz sentava-se no assento bema, situado na linha final. Bema é uma plataforma elevada. Na Grécia Antiga, era utilizado como o pódio do orador. Na arquitetura de sinagogas, é chamado de bimá a plataforma elevada utilizada para a leitura da Torá durante os serviços religiosos. Bema e "grande trono branco" são duas palavras diferentes no original grego. Bema A palavra grega βῆμα (bema) aparece 2 vezes no Novo Testamento, com dois significados diferentes, ambas nos Atos dos Apóstolos. Em Atos 7.5 significa "pedaço de terra", onde se possa plantar pouca coisa (a Almeida traduz como "espaço de um pé" e a Bíblia de Jerusalém como "equivalente a um passo"). Invés, em Atos 18.12 usa-se a palavra bema como "tribunal", como instituição diante da qual Paulo é levado pelos judeus para que fosse julgado pois diziam: "este indivíduo procura persuadir a outros a adorar a Deus de maneira contrária à Lei".] |
Com isso em mente, pelo menos oito motivos diferentes podem ser dados como razões para falar-se em línguas.
- Uma convicção honesta e absoluta de que o Espírito Santo concedeu esse dom à pessoa que fala em línguas.
- Uma tentativa sincera daquele que fala em línguas de aproximar-se de Deus.
- Pressão social.
- Uma minimização da abordagem do estudo bíblico do dispensacionalismo.
- Devido à ausência de doutrina bíblica em igrejas liberais.
- Devido à morte de muitas igrejas fundamentais.
- Por causa de uma fome pelo que é novo e empolgante nesses dias materialistas.
- Devido a Satanás e à atividade demoníaca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar! Fica na paz!
E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento,
Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11