Os evangelistas, particularmente Marcos, descreveram também o modo de olhar do Salvador, que exteriorizava e acentuava seus sentimentos íntimos. Para isto, eles empregaram palavras fortes e emblemáticas.
Quando pela primeira vez Jesus viu Simão Pedro, olhou-o como que para ler o fundo de sua alma (Jo 1.42). Outro olhar mais penetrante, ele dirigiu a Pedro, no átrio do palácio de Caifás, quando o desafortunado apóstolo acabara de nagá-lo (Lc 22.61). Com a mesma intensidade e com particular ternura, Jesus olhou para o jovem rico, de nobres qualidades, que se recusou egoisticamente a obedecê-lo (Mc 10.21-22).
Antes de começar o Sermão do Monte, Jesus levantou os seus olhos sobre os seus numerosos ouvintes como costumam fazer normalmente os pregadores no momento de começar sua mensagem (Lc 6.20). Da mesma forma, ele gostava de olhar para os seus apóstolos e discípulos (Mt 19.26; Mc 3.34; 8.33; 10.27; Lc 6.20).
Nos olhos de Jesus, normalmente tão doces, podiam brilhar, em um momento de ira santa, fulgores terríveis (Mc 3.5).
Bem-aventurado Zaqueu, para quem Jesus levantou amorosamente os olhos enquanto este estava lá no alto de um sicômoro (Lc 19.5).
Marcos nos fala de Jesus olhando com bondade para a mulher que sofria de fluxo sanguíneo, que acabara de "provocar" um milagre (Mc 5.32).
Jesus olhou com tristeza para os ricos que depositavam orgulhosamente suas ofertas nos gazofilácios colocados nos átrios do Templo e, com admiração, atentou para a pobre viúva que timidamente depositou o único dinheiro que possuía (Mc 12.41-42).
Ele contemplou com muda indignação, no dia de sua entrada triunfal, os abusos que haviam se introduzido nos átrios do Templo (Mc 11.11).
Quão formosos deveriam ser os olhos do Salvador quando, para entrar em comunicação mais íntima com Deus, levantava-os ao céu antes de começar a orar (Mt 14.19; Mc 6.41; 7.34; Jo 11.41; 17.1)!
Deus abençoa este curso
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