As versões antigas dividem-se quanto a Malaquias ("meu mensageiro") ser um nome pessoal ou um título. O uso de nomes pessoais nos títulos de outros livros proféticos sugeriria o mesmo aqui. O nome de Malaquias é um lembrete de seu papel como profeta de Deus e associa seu ministério a um futuro profeta ("meu mensageiro") que Ele prometeu enviar em preparação para o futuro Dia do Senhor (Ml 3.1). Veja aqui INTRODUÇÃO A MALAQUIAS
Esse nome pode ter sido o verdadeiro nome do profeta ou um pseudônimo. Com base no próprio livro podemos deduzir o contexto histórico. Situa-se entre 460 e 430 a.C., ou um pouco antes de Neemias se tornar governador de Jerusalém, ou posteriormente, durante a sua ausência. Em outras palavras, passaram-se 80 anos desde que Ageu e Zacarias incentivaram o povo a reconstruir o Templo.
Como a flor entre os espinhos, o anúncio que os profetas fazem sobre um futuro glorioso se destacam em meio às advertências de juízo e destruição |
Ml 1.1-5: "Eu sempre os amei"
Israel desfrutava de um relacionamento de Pai e filho com Deus. Ele era, num sentido todo especial, o Senhor deles. Mas nem mesmo os sacerdotes o honravam. A regra para os sacrifícios era que "só o melhor devia ser dado a Deus" (Lv 22; Dt 15,17), e não os animais doentes dos quais o dono queria se livrar. Ofertas com animais aleijados diminuíam a grandeza de Deus e tudo que seu povo devia a ele. Seria melhor fechar o Templo e cessar os sacrifícios (1.10) do que demonstrar tamanho desrespeito.
Deus não muda (6). Infelizmente, seu povo também não (7), pois tem sido inconstante do começo ao fim. Deus lhes havia dado tudo o que tinham, mas eles o roubavam, negando o que lhe era devido por lei. Aquilo que é dado para Deus é apenas a devolução de uma parte de tudo que lhe é devido. Deixar de dar, por interesse próprio, é privar-se das coisas boas que de outra forma Deus poderia dar.
O ponto de partida de Malaquias é o amor de Deus (v. 2a). Lutando com dificuldades econômicas e tendo que enfrentar os persistentes ataques da oposição (veja, p. ex., Ne 1.3-4), o povo não consegue perceber esse amor (2b). O profeta os convida a olhar para Edom, a nação-irmã, que também foi destruída pela Babilônia, mas que não havia sido restaurada (veja Obadias).
Amei... aborreci/odiei (2-3) A expressão idiomática hebraica fica forte demais no português. Significa, não amor ou ódio no sentido literal, mas a escolha especial de um e não do outro.
Ml 1.6--2.9: A falha dos sacerdotes
Montanhas de Edom |
O Senhor havia confiado aos descendentes de Levi, aqueles que foram separados especialmente para servi-lo, a tarefa de ensinar a seu povo a verdade sobre Deus, dizer-lhes o que era correto, e dar exemplo com seu próprio modo de viver (2.6). Mas em vez de afastar o povo do mal, eles os levavam ao mal. Os sacerdotes quebraram sua aliança com Deus.
1.11 A afirmação de que Deus estava recebendo adoração mais aceitável de pessoas de outras nações tinha por objetivo chocar o público judeu ao qual o profeta se dirigia.
Ml 2.10-16: Promessas não cumpridas
Ao se casarem com mulheres que adoravam outros deuses, os homens de Israel não estavam cumprindo sua promessa de evitar práticas pagãs. (Veja também Ed 9--10; Ne 13, que lidam com a mesma situação). As mulheres estrangeiras que amavam a Deus eram bem-vindas entre o povo, como mostra a história de Rute. O casamento faz de marido e mulher "um corpo e um espírito" (15), e Deus queria que o casal criasse filhos que fossem dedicados a ele (15).
A indiferença em relação a Deus logo se refletiu na falta de consideração para com os outros. Os homens mais velhos estavam cruelmente descartando suas mulheres de mais idade para se casarem com atraentes jovens estrangeiras. Deus não faz pouco caso desta situação. Ao contrário, ele odeia ver promessa de fidelidade ser quebrada: o divórcio é algo cruel. Aquelas mulheres de mais idade ficavam na rua da amargura, sem recursos financeiros e ninguém para protegê-las.
Ml 2.17--3.18: A justiça e a misericórdia de Deus
O povo de Deus olha ao seu redor e vê os ímpios prosperando. Isto parece injusto (2.17; 3.13-15). Mas no acerto final de contas, a justiça e o bem prevalecerão (3.1-5). O Senhor está chegando, primeiro para purificar e depois para julgar. Primeiro viria um mensageiro para preparar o caminho (3.1a; e veja 4.5). Depois viria um mensageiro que é o próprio Senhor (3.1b).
Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria. (Ml 4.2) |
Os vs. 16-18 são um alívio bem-vindo. Ainda há alguns que se incentivam mutuamente no amor de Deus; e Deus os conhece e valoriza.
Dízimo (3.10) A lei exigia que dez por cento de todas as safras e animais fossem entregues como um tipo de imposto de renda para a manutenção do Templo e o sustento de sacerdotes e levitas dedicados ao serviço de Deus.
Livro (3.16) Há várias referências a um livro destes: Êx 32.32; Sl 69.28; Is 30.8; Dn 12.1; Ap 3.5; 13.8.
Ml 4: O Dia do Senhor
Está chegando o dia, como muitos profetas previram, em que Deus vai fazer o acerto de contas definitivo. Para alguns (os ímpios), o brilho intenso daquele dia queimará como fogo. Mas as pessoas que honram a Deus saltarão de alegria à vista daqueles raios benfazejos.
Os vs. 4-5 são como um pós-escrito, não apenas para Malaquias, mas para todo o AT. Eles chamam a atenção para as leis dadas no Sinai (Horebe), que sempre deviam ser lembradas, e antecipam uma nova era de feliz liberdade, quando o mal será totalmente destruído e todos os problemas serão resolvidos.
"Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.
Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?"
Malaquias 3:6,7
Com Malaquias, a voz profética do AT emudece.
Sol (2) Malaquias tira sua ilustração (mas não a sua teologia) do disco alado que representava o deus sol na arte persa e egípcia.
Elias (5) De acordo com 2Rs 2, Elias, o grande profeta reformador, não morreu, mas foi levado ao céu. Segundo os Evangelhos do NT, esse "Elias" é João Batista, o último profeta enviado por Deus para anunciar a vinda do Messias (Mt 17.10-13). Mas João não era literalmente uma nova aparição de Elias (ou uma reencarnação de Elias), como, ao que tudo indica, esperavam aqueles que foram interrogar o profeta em Jo 1.19-26.
Malaquias ensina que honrar a Deus envolve tanto adoração quanto estilo de vida. Os profetas, frequentemente, condenavam rituais vazios por serem substitutos sem valor de um estilo de vida de obediência e retidão (Is 1.10-17; Am 5.21-24; Mq 6.1-8). O Senhor estabeleceu os rituais e as cerimônias de adoração como um meio para que Seu povo expressasse amor e devoção a Ele, mas as pessoas da época de Malaquias falharam em relação aos rituais e ao estilo de vida. A incapacidade de dar ao Senhor o melhor na adoração refletia a falta de amor e reverência por Ele.
As experiências dos judeus após o regresso do exílio praticamente não coincidiam com as promessas de restauração feitas por profetas anteriores. A província sofredora de Judá permaneceu sob dominação estrangeira, mas o verdadeiro problema foi o povo haver retornado para a terra sem realmente se voltar para o Senhor. Embora o exílio tivesse, em grande parte, curado os judeus da adoração a deuses estrangeiros, o povo continuou a lutar contra alguns dos mesmos pecados que haviam ocasionado o juízo do exílio: adoração falsa, injustiça social e desobediência à lei mosaica. Malaquias e os outros profetas pós-exílicos revelaram que a restauração final de Israel ocorreria em um futuro distante e exigiria um ato salvífico ainda maior por parte do Senhor. O juízo expiatório do futuro Dia do Senhor removeria o pecado de Israel e transformaria o povo em uma nação verdadeiramente santa.
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Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11