II CORÍNTIOS
Poder na fraqueza
Paulo havia sido atacado por membros da igreja de Corinto. Com vistas a melhorar o relacionamento com aqueles cristãos, ele escreve para se explicar e esclarecer o que significava ser apóstolo de Cristo. |
Esta é a Segunda Epístola existente que Paulo escreveu aos cristãos em Corinto. Esta carta, 2 Coríntios, é a mais pessoal de todas as cartas de Paulo, em que ele revela o seu próprio coração para esta igreja e o seu ministério em geral. Ela conta os altos e baixos, as alegrias e as lutas, os privilégios e os sofrimentos do ministro. A fragilidade do ministro, entretanto, é mais do que compensada pelo poder de Deus.
Um intervalo de pouco mais de um ano separa as duas epístolas de Paulo aos coríntios. A segunda epístola foi escrita provavelmente em 56 d.C., numa cidade da Macedônia (a província romana no norte da Grécia cuja capital era Filipos).
Depois da primeira epístola, os problemas aparentemente se agravaram e Paulo fez uma rápida visita não programada a Corinto (sua segunda visita; na primeira, a igreja havia sido fundada). Essa visita acabou trazendo dissabores tanto para ele quanto para a igreja (2.1). Ele prometeu voltar a Corinto (1.16). Mas em vez disso, para evitar uma visita ainda mais dolorosa (1.23), ele dirigiu-se à Ásia (onde enfrentou grave perigo, 1.8-11) e lhes escreveu uma carta severa, a carta das "muitas lágrimas" (2.4). Ele só teria paz de espírito depois de ouvir a reação da igreja. Assim, partiu para Trôade, junto à costa, esperando receber notícias. Tudo corria bem em Trôade, mas Paulo não podia esperar mais. Acabou atravessando o mar Egeu e chegou à Macedônia (2.12-13), onde finalmente Tito o alcançou com a notícia de que a carta havia trazido os coríntios de volta à realidade (7.6-7). Paulo ficou muito feliz.
Agora, ao escrever novamente, o pior havia passado. Ele pensa em fazer uma terceira visita, que espera seja alegre. Assim, a parte final da carta foi escrita especificamente para colocar os pontos nos is (13.10). (Ele conseguiu fazer essa visita, e escreveu sua carta aos romanos durante sua estada em Corinto. Isto permite concluir que a história com os coríntios teve um final feliz).
2 Coríntios é, talvez, a mais pessoal de todas as cartas de Paulo. Á medida que lemos, sentimos o peso da sua preocupação com todas as igrejas (11.28): o profundo amor que tinha por elas e o quanto ansiava pelo seu progresso espiritual. Vemos o preço pago por ele para levar adiante seu projeto missionário: dificuldades, sofrimento, privações, humilhação, quase tudo além do limite que se pode suportar. E vemos fé inabalável em meio a tudo isso, fazendo com que cada circunstância seja vista sob outra perspectiva.
A natureza pessoal da carta torna difícil sua análise. O pensamento de Paulo flui de forma quase ininterrupta e os temas se repetem. (As interrupções mais significativas ocorrem no começo do cap. 8, onde ele passa a abordar a questão do auxílio para Jerusalém, e no começo do cap. 10, onde responde às acusações de seus críticos). No geral, Paulo escreve para defender o seu ministério e a autoridade apostólica que havia recebido de Deus.
2Co 1.1-17: Saudação e ação de graças
Timóteo aparece como co-autor ou co-remetente da carta. Paulo escreve aos cristãos de Corinto e da província circunvizinha da Acaia, que incluía as comunidades de Atenas e Cencréia.
Sua oração revela um tom mais pessoal do que o costumeiro. Em vez de louvar a igreja, Paulo agradece a Deus por ter sido tão bondoso para com ele durante as recentes provações. Seu sofrimento tivera dois bons efeitos colaterais:
- a experiência do consolo (ou da ajuda) de Deus em toda aquela situação;
- uma nova habilidade de ajudar e consolar aqueles que se encontram em circunstâncias semelhantes.
2Co 1.18--2.17: Notícias e explicações
- Face a face com a morte (1.8-14).
Agora aparece o motivo da oração de Paulo. Durante a permanência na província da Ásia (cuja capital era Éfeso), Paulo teve dificuldades tão sérias que parecia que ele não escaparia com vida. A princípio isso parece uma referência ao tumulto em Éfeso descrito em At 19.23-41. Mas ali a vida de Paulo não esteve em perigo. É mais provável que ele ficou seriamente enfermo ou foi ameaçado de morte por alguma turba em algum lugar da Ásia (atual Turquia).
- Paulo explica sua mudança de plano (1.15--2.11).
Aparentemente, o problema era a oposição a Paulo da parte de um homem (2.5-11; não se trata do mesmo indivíduo em 1Co 5.1). Agora que a igreja havia tratado do caso, Paulo pede que eles o perdoem.
- Viagens recentes de Paulo (2.12-17).
Depois de escrever a epístola, Paulo não teve descanso. Foi a Trôade, na esperança de encontrar Tito em viagem de regresso de Corinto com notícias da reação da igreja. Sem conseguir encontrá-lo ali, ele atravessou o mar Egeu e foi até a Macedônia. O motivo para a ação de graças dos vs. 14-17 aparece no cap. 7. Na Macedônia, ele encontrou Tito e as notícias de Corinto eram boas.
»V. 14 Paulo baseou essa ilustração no cortejo triunfal de um general romano vitorioso. O general liderava um desfile pelas ruas de Roma, durante o qual se queimava incenso aos deuses. Atrás do vencedor vinham os prisioneiros e os despojos de guerra. Paulo se vê como escravo de Cristo (no final do cortejo, entre os prisioneiros acorrentados que seriam executados), sendo levado por Cristo em cortejo triunfal através do Império. Para os prisioneiros, o perfume do incenso tinha como que um cheiro de morte, e o mesmo se aplica ao aroma de Cristo no caso de Paulo. No final, ele sofreria uma morte como a de Cristo. Compare 4.10-12. (Outra explicação possível, que transparece em algumas traduções, é que Paulo se considera um soldado que faz parte daquele cortejo.)
2Co 3.1--6.10: O ministério de Paulo
Passado, presente e futuro se entrelaçam nesses capítulos. Quanto ao passado, a antiga aliança fora substituída por uma nova aliança que dá vida (3.6-18). O presente é paradoxal: por um lado, o apóstolo foi designado embaixador do próprio Deus, encarregado de transmitir sua mensagem maravilhosa à humanidade (3.4-6; 4.1-6; 5.16--6.2); por outro, ele estava sujeito a todo tipo de fraqueza humana, perseguição e sofrimento (4.7-12; 6.3-10). Mas o futuro, em toda sua certeza gloriosa, ofusca qualquer sofrimento que o presente possa oferecer (4.13--5.10). Compare o preço do discipulado, por maior que pareça, com o "eterno peso de glória" que está sendo preparado para os fiéis seguidores de Cristo e você terá a proporção exata das coisas e saberá o que é preferível.
»Cartas de recomendações (3.1) Nos primeiros tempos, cristãos que se mudavam para outra cidade geralmente levavam consigo uma carta de recomendação da igreja anterior para a nova. Paulo não precisava de tal carta - a própria existência da igreja de Corinto era testemunha suficiente.
»Tábuas de pedra (3.3) Nas quais foi escrita a lei que Deus deu a Moisés (Êx 24.13).
»Face de Moisés (3.7-11) Quando Moisés desceu do monte Sinai com as tábuas da lei, o seu rosto brilhava, de tão próximo que ele havia estado de Deus. Esse brilho ofuscou os israelitas, de sorte que, para não amedrontá-los, ele cobriu o seu rosto (Êx 34.29-35).
»Contemplamos/refletimos a glória (3.18) O "espelho", feito de metal polido, dava apenas um reflexo imperfeito.
»Vasos de barro (4.7) Lamparinas sem muito valor, feitas de cerâmica (veja v. 6). Ou, se Paulo ainda tem em mente o cortejo triunfal romano, potes de barros escolhidos exatamente porque contrastam com os magníficos tesouros que continham.
»Tabernáculo (5.1) O nosso corpo. Paulo usa uma expressão grega corrente , que ao mesmo tempo aponta para a transitoriedade do corpo.
»Nus (5.3, ARA) "Sem corpo" (NTLH), isto é, como um espírito desencarnado.
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Filipenses 1:9-11