A supremacia do amor
Paulo escreve em resposta a vários relatos e várias dúvidas de membros da Igreja de Corinto. |
A primeira Epístola aos Coríntios é carta e texto de um pastor missionário que veio como um pai (4.14,15) para tratar com uma igreja local sobre os problemas da igreja local. Ele escreveu com amor e com um espírito de mansidão, esperando que os assuntos pudessem ser resolvidos para que não precisasse voltar mais tarde com ações disciplinares (4.21). Alguns dos problemas da cidade de Corinto haviam se tornado os problemas da igreja de Corinto. A igreja estava exercitando seus dons espirituais, mas eles também eram imaturos e cheios de problemas. Paulo escreveu para tratar desses assuntos e responder as perguntas que a igreja lhe havia feito.
Paulo escreveu esta carta em Éfeso (15.32; 16.8), por volta de 24 d.C. At 18 informa que Paulo ficou 18 meses em Corinto na sua segunda viagem missionária, e descreve a fundação da igreja.
A cidade
Veja "A cidade de Corinto". A antiga cidade grega de Corinto foi destruída e reconstruída pelos romanos. Ela ficava numa posição estratégica, que lhe permitia controlar o comércio que passava pela estreita faixa de terra entre os mares Egeu e Adriático. É claro que Paulo não podia ignorar uma cidade que era um próspero centro de comércio e uma cidade cosmopolita que abrigava gregos, romanos, sírios, asiáticos, egípcios e judeus. Era só estabelecer uma igreja ali, e a mensagem cristã se espalharia rapidamente por toda parte.
Por outro lado, é difícil imaginar um lugar menos adequado para implantar a nova fé, o cristianismo. A cidade era dominada pelo templo de Afrodite (deusa do amor), construído sobre a acrópole. Milhares de prostitutas sagradas, a rotatividade da população e a mistura de raças - tudo isso contribuía para a má fama da cidade. Corinto era sinônimo de excesso e libertinagem. Havia até uma palavra para isso: "corintizar".
A igreja
A igreja cristã, como a cidade, se caracterizava por uma mistura social e racial. Havia alguns judeus, mas era expressivo o número de gentios. Poucos cristãos eram membros de famílias importantes (1.26). A comunidade cristã incluía desde escravos, de um lado, a oficiais do governo em ascensão social (como Erasto, o tesoureiro da cidade - Rm 16.23), de outro. Muitos desses convertidos tinham uma história de vida marcada pela permissividade do paganismo. Não tinham muito de que se orgulhar, mas se vangloriavam da sua capacidade intelectual. Gostavam de discutir temas como "Liberdade" e "Conhecimento". O grupo que causava a maioria dos problemas na Igreja era formado por homens de origem gentílica, pessoas que tinham certo status na sociedade e que, mesmo havendo se tornado cristãos, queriam que sua rotina social continuasse inalterada. Era este o grupo com o qual se ocupa de modo especial nesta sua carta.
A epístola
Dois fatores estão por trás da composição de 1Coríntios:
Primeiro, Paulo recebera relatos da igreja que o deixaram preocupado (1.11; 5.1).
Segundo, havia chegado uma delegação de Corinto, e (ou com) uma carta pedindo conselhos sobre várias questões (7.1; 16.17).
Na epístola, Paulo aborda cinco das questões trazidas a ele:
- divisões dentro da igreja;
- um caso de incesto;
- processos contra membros da Igreja;
- o abuso da "liberdade" cristã;
- o caos reinante nos cultos da Igreja, inclusive na ceia do Senhor.
Ele também responde a perguntas dos coríntios feitas por escrito:
- sobre casamento e vida de solteiro (veja "Problemas de natureza sexual na igreja de Corinto");
- sobre a questão da comida consagrada a ídolos e atividades sociais realizadas nos templos pagãos;
- se as mulheres deviam, ou não, cobrir a cabeça para orar, e o papel que podiam desempenhar nas reuniões públicas (Paulo também insistiu que os homens deviam orar e profetizar com a cabeça descoberta, por mais que os gregos e romanos, homens e mulheres, tivessem o costume de cobrir a cabeça durante um ato de adoração ou sacrifício);
- a questão dos dons espirituais;
- o fato e o significado da ressurreição.
A resposta de Paulo a essas perguntas nos dá um fascinante vislumbre do que realmente acontecia numa daquelas primeiras igrejas, e o que vemos nem sempre é animador ou digno de imitação!
1Co 1.1-9: Saudação e oração
A introdução e a ação de graças (1.4-9) são típicas de Paulo. Ele acreditava em encorajamento. De todas as usas epístolas às igrejas, apenas Gálatas não contém um parágrafo introdutório assim.
Sóstenes (1) Possivelmente o líder da sinagoga mencionado em At 18.17. É possível que fizesse as vezes de secretário de Paulo.
V.8 O "dia" se refere ao retorno de Cristo e ao juízo final.
1Co 1.10 -- 4.21: Grupos rivais
É fácil entender como podiam surgir divisões numa época em que Igreja ainda não tinha prédios, os cristãos se reuniam em casas, e um grupo menores. Paulo menciona três grupos, centrados em "líderes" rivais: Paulo (seu fundador), Apolo e Cefas (Pedro). Um quando grupo, cheio de orgulho, reivindicava direito exclusivo ao título de "cristão".
Apolo (1.12) era um cristão de origem judaica natural de Alexandria (Egito). Quando chegou a Éfeso, recebeu instrução adicional de Áquila e Priscila (At 18.24-28). Mudou-se para a província da Acaia (cuja capital era Corinto), onde deu mostras de ser um mestre poderoso e eloquente.
A referência a Pedro (Cefas, 1.12) não significa necessariamente que ele visitou Corinto. Como líder dos 12 apóstolos, seria natural que tivesse seguidores, principalmente entre cristãos de origem judaica.
Esses capítulos iniciais permite concluir que os grupos estavam fazendo comparações entre Paulo e Apolo, o mais eloquente. Mesmo sendo um intelectual bem treinado, Paulo tivera suas dificuldades em Corinto (At 18.9-10; 1Co 2.3). Sua maior preocupações era anunciar com clareza a mensagem de Deus, e não falar bonito sem dizer nada.
Mas os coríntios estavam influenciados pelo espírito reinante na vizinha cidade de Atenas. Eles se consideravam filósofos e se orgulhavam da sua suposta superioridade intelectual. Na realidade, como Paulo indica (3.1-4), o fato de gostarem de discutir e julgar os outros mostrava que ainda estavam presos à mentalidade deste mundo. Eles precisavam aprender que a sabedoria humana estava longe de ser a sabedoria de Deus (1.18 -- 2.16). Não são as pessoas orgulhosas e astutas que valorizam a sabedoria do plano divino de salvação através da morte de Cristo na cruz, mas aquelas que são sábias espiritualmente. Esse tipo de sabedoria, que vem acompanhando de dons valores e capacidade de discernimento, é dom de Deus através de seu Espírito Santo. Para ser realmente sábia, a pessoa precisa se tornar louca aos olhos do mundo (3.18).
Paulo e Apolo não eram rivais, mas colegas, companheiros na obra de edificação da Igreja de Deus (3.5-9). Depois que o alicerce básico da fé em Cristo foi lançado, cada cristão é responsável pelo que faz com a nova vida que recebeu. É preciso construir algo duradouro, diz Paulo (3.10-17).
Entre cristãos, não deveria haver lugar para orgulho, nem para menosprezo dos outros. Os maiores cristãos se consideram nada mais do que escravos de Deus. Este é o exemplo a ser seguido (cap. 4).
Casa de Cloe (1.11) Provavelmente membros da família de Cloe.
Estéfanas (1.16) Um membro fundador da igreja de Corinto, e integrante da delegação enviada pela igreja para falar com Paulo, em Éfeso (16.15-18).
1.17 A tarefa principal de Paulo era evangelizar, proclamar as boas novas, e não batizar.
Judeus e gregos (1.22) Paulo destaca as características nacionais. Os judeus queriam provas concretas (milagres). Os gregos gostavam de especulações filosóficas. Os dois grupos não compartilhavam o mesmo conceito de salvação. Para os gregos, ser salvo significava ser resgatado, curado ou liberto da escravidão.
1.26 Veja introdução acima.
Verdade secreta (2.1, NTLH) Outros manuscritos trazem "testemunho" (ARA)
Sois santuário de Deus (3.16) Aqui Paulo se refere a toda a Igreja; mas adiante (6.19) se refere ao indivíduo.
Preceptores (4.15, ARA) Escravos que cuidavam dos filhos de seu mestre e os levavam à escola.
Timóteo (4.17) Jovem colega e colaborador de Paulo (16.10-11; At 16.1-4).
Timóteo (4.17) Jovem colega e colaborador de Paulo (16.10-11; At 16.1-4).
Continue seu estudo:
muito bom, edificante,
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