Citemos alguns exemplos dessas "lições da natureza", recebidas pelo divino menino de Nazaré. E como profundamente ele parece ter amado aquela doce e formosa natureza da Galileia! Sim, como todas as almas nobres e puras! Mas ele nunca se deixou comover pela beleza puramente exterior. Sua sensibilidade artística é, antes de tudo, religiosa.
Para onde quer que seus olhos se voltassem, Jesus contemplava na natureza as marcas do Deus Todo-Poderoso e infinitamente bom (Mt 6.26-30). O mundo das plantas e o dos animais lhe ofereceram solução para gravíssimos problemas (Mt 13.24-30,31-43). Sobretudo, as parábolas de Jesus revelam quão solícita atenção ele dava aos pormenores, ainda que parecessem insignificantes, da vida vegetal e da vida animal.
Nós encheríamos com facilidade páginas e páginas, se quiséssemos registrar aqui o crescimento espiritual do Salvador neste duplo aspecto. Qual dos nossos leitores não se lembra com simpatia dos seus sermões e das suas parábolas em que ele fala dos lírios do campo e do seu esplendor efêmero; do trigo, que cresce lentamente, e do joio, semeado no campo pelo inimigo; da figueira, coberta de folhagem, mas estéril; da vinha, que necessitava ser podada para produzir mais frutos; das aves do céu, que não semeiam nem colhem, mas são alimentadas por Deus com mão prodigiosa; dos filhotes do corvo, que recebem também providencialmente seu alimento; da galinha que protege os seus pintinhos sob as asas; do canto regular do galo a certas horas da noite; das raposas, que têm os seus covis, enquanto o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça; da ovelha que segue o seu pastor; bem como do brilhante pôr-do-sol, do vento abrasador do meio-dia, do lago e das montanhas e muitos outros detalhes semelhantes presentes nos discursos do Mestre?
Em verdade, conheceríamos menos ainda a alma, a inteligência e o caráter de Jesus se não observássemos as impressões que a natureza produziu nele durante sua adolescência e juventude. Mas tenhamos cuidado para não cairmos no exagero e não tentarmos explicar os progressos da alma mais perfeita que já existiu sobre a face da terra como se as paisagens de Nazaré e da Galileia a tivessem a tivessem formado, e a contemplação das plantas e o estudo das aves e dos animais tivessem sido unicamente a base da formação dessa alma.
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Jesus também recebeu, desde a sua infância, e mais ainda na idade adulta, uma educação especial, por meio dos fatos cotidianos da vida, considerada na tríplice ordem doméstica, social e política. Em suas discussões e conversas mais simples, esses fatos ocupavam um lugar considerável.
Quantas coisas ele aprendeu tão-somente ao abrir os olhos! A cerimônia da corte real, igual à das bodas, realizada nas aldeias; os vestidos preciosos, que logo seriam devorados pelas traças; as regras da compostura; a administração das grandes propriedades; a luz sobre o candeeiro; o sal que preserva da corrupção os alimentos; as leis do mercado (dois pássaros por um ceitil, e cinco por dois); as relações entre patrões e operários; as brincadeiras de crianças, que, sem dúvida, ele mesmo havia experimentado; as paredes das casas arrombadas pelos ladrões; a necessidade de construir moradia em terreno firme; as intermináveis orações dos pagãos; os trabalhos do pastor, do lavrador, dos pescadores. Tudo isso ele observou; tudo isso ele conheceu e de tudo se aproveitou para adornar e robustecer os seus ensinamentos. Assim, pois, com toda a propriedade, podemos falar da educação de Jesus pelos sentidos e pela experiência.
Suas impressões políticas também se refletem em suas pregações. Jesus sabia que o tetrarca Herodes era astuto como uma raposa, que os judeus tinham de pagar impostos aos romanos, que existiam sinais dos tempos fáceis de serem observados e que esses sinais eram tidos como prognósticos de infelicidade. Sabia tudo isso e muitas outras coisas mais. Mas todas essas circunstâncias que temos apresentado sobre o meio em que Jesus viveu e se educou são também insuficientes para explicar os progressos do seu espírito.
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Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11