COSTUMES BÍBLICOS: A determinação do advento e a crucificação do Messias nas Setenta semanas


A determinação do advento e a crucificação do Messias nas Setenta semanas

Desde a antiguidade, a importância em demonstrar a precisão da profecia de Daniel relativa ao advento e ministério messiânicos de Jesus tem levado estudiosos cristãos a produzirem uma cronologia histórica terminando com a sexagésima nona semana (a conclusão dos 483 anos), o tempo da crucificação de Jesus. A chave interpretativa dessa determinação cronológica aparece na frase inicial: Desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém. A questão relativa ao terminus (a data na qual o período de 490 anos iniciaria) é essencial para uma interpretação de toda a profecia que seja historicamente correta. Essa determinação da data inicial para as Setenta semanas requer uma série complexa de escolhas:
Em primeiro lugar, não menos do que quatro diferentes contagens foram propostas para calcular as setenta semanas constituídas por anos.
Solar/tropical (365 dias);
Lunar (354 dias);
Solar/lunar (365 dias);
"Profética" (360 dias).
Qual desses esquemas foi empregado nessa profecia?
Além disso, o Antigo Testamento registra quatro ocasiões distintas em que os persas decretaram a ordem para reconstruir Jerusalém:
No primeiro ano de seu reinado, Ciro ordenou a reconstrução do templo em 538 a.C. ou 536 a.C. (dependendo se a referência é feita à sua corregência ou à regência exclusiva; 2Cr 36.22,23; Ed 1.1-4; 5.13-17).
O decreto de Dario l no segundo ao de seu reinado (confirmando o decreto de Ciro) em 520 a.C. ou 519 a.C. (Ed 6.1,6-12).
O decreto de Artaxerxes l Longímano no sétimo ano de seu reinado, em 457 a.C. (Ed 7.7-28).
O decreto de Artaxerxes l no vigésimo ano de seu reinado (445/444 a.C.), que permitiu a Neemias reconstruir as muralhas de Jerusalém (Ne 2.1-8,13,17).
Qual decreto foi escolhido como ponto de partida?
Por fim, ajustes adequados à contagem devem ser feitos com respeito aos anos bissextos e às diferenças entre os calendários gregoriano e juliano. O método da contagem, a data do decreto e como esses ajustes são realizados afetam significativamente o resultado calculado. A mais célebre tentativa de resolver essa equação foi a de Sir Robert Anderson, publicada em 1882 (The Coming Prince). Ele adotou o esquema profético de 360 dias e escolheu o vigésimo ano de Artaxerxes como ponto de partida  (presumindo que Neemias 2.1 menciona o primeiro dia do mês de nisã, equivalente a 14 de março de 445 a.C. no calendário juliano). A partir daí, ele adicionou 173.880 dias (483x360 dias por ano) a essa data atribuída ao decreto. Então, convertendo para anos reais (173.880 dividido por 365 igual 476,3836) e adicionando 24 dias, de 14 de março para 6 de de abril, mais os anos bissextos (116 dias), chegou-se à data do final da sexagésima nona semana e da crucificação de Jesus, no décimo dia do mês de nisã (6 de abril) de 32 d.C.
Outros cronologistas demonstraram que os cálculos de Anderson continham os seguintes erros:
Mistura dos calendários gregoriano e juliano em seu cálculo dos anos bissextos (menos 3 dias) e a identificação do décimo dia de nisã em 32 d.C. como um domingo, 6 de abril (no calendário juliano), quando, de fato, tratava-se de uma quarta-feira, 9 de abril. Isso teria levado ao cálculo do ano errado.Em 1973, Harold Hoehner tentou corrigir esses erros usando o mesmo esquema de 360 dias, mas ajustando o vigésimo ano de Artaxerxes para 5 de março de 444 a.C. Depois de adicionar os dias extras de 116 anos bissextos mais 24 dias entre 5 e 30 de março e também fazer ajustes ao calendário solar gregoriano, ele calculou que o período de 483 anos terminaria com a chamada "entrada triunfal" de Jesus em Jerusalém, no dia 30 de março de 33 d.C. (Chronological Aspects of the Life of Christ.p.135-138)
Recentemente, argumentos elaborados a partir de novas informações revelaram que o vigésimo ano de Artaxerxes adotado por Hoehner era, com efeito, 445 a.C. e não 444 a.C., e que o primeiro dia do mês de nisã seria 3 de abril e não 6. Pete Moore afirmou que Hoehner errou ao usar o ano juliano definido em 365,25 dias e multiplicar os 476 anos por 365,242100, o que teria resultado em um erro de cinco dias. O método adotado por Moore para obter os cálculos corretos dos 483 anos é compartilhado por outro cronologista bíblico chamado Floyd Nolen Jones. Jones tentou corrigir os erros dos cálculos do passado adotando o ano solar (365,2422 dias) como ano bíblico literal e escolhendo o ano de 473 a.C. como data da ascensão de Artaxerxes l (embora esse intérprete duvide que o Artaxerxes bíblico de Neemias seja o mesmo Artaxerxes Longímano) e o ano de 454 como o vigésimo ano de seu reinado (sobre os judeus). Com isso, o término dos 483 anos volta a ocorrer com a crucificação de Jesus, no décimo quarto dia de nisã em 30 d.C. (454 a.C. + 30 d.C.=484 anos - 1 ano da passagem entre a.C. e d.C.=483 anos; veja The Chronology of the Old Testament.p.205-221.).
Quanto ao decreto correto, o texto afirma que se trata de uma ordem para reconstruir Jerusalém com o foco em fortificá-la novamente com as novas ruas e muralhas de Jerusalém duração sessenta e dois anos vezes sete, mas será um tempo de muito sofrimento (Dn 9.25 NTLH). O único decreto que teve esse propósito e ocorreu durante os dias mais severos de turbulência Neemias (além disso, tomando as outras possibilidade -- os decretos de Ciro, Diario I ou Artaxerxes Longímano no sétimo ano de seu reinado -- como ponto de partida das setenta semanas, o resultado seria uma data muito prematura para corresponder ao tempo da crucificação. O decreto que obtém o resultado mais próximo é o de Artaxerxes para Neemias). Qualquer que seja a data do decreto adotada como terminus a quo, a adição de 483 anos (as sete semanas mais as 72 semanas) obtém um término no mês de nisã do calendário hebreu e por volta do ano 30 d.C. (a data geralmente aceita pelos historiadores como o tempo da crucificação de Jesus).
O ponto importante nessa questão, ainda que o método adequado do cálculo esteja em discussão, é que Daniel profetizou a chegada do Messias ao final do período do segundo templo, 483 anos depois do decreto ordenado para restaurar e reconstruir Jerusalém. Essa data, qualquer que seja precisamente , coincide com o período de tempo em que Jesus cumpriu Seu ministério messiânico de três anos. Levando em consideração apenas esse fato, compreende-se como Jesus -- que lembrara à nação de Israel o tempo determinado por Daniel (Mt 24.14; Mc 13.15) - pôde condenar a liderança nacional judaica de não reconhecer o tempo da tua [messiânica] visitação (Lc 19.44; confira At 3.17,18).

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