A Escolha de Maria como Mãe do Messias
Você já sentiu que tanto católicos quanto protestantes podem estar perdendo algo crucial em suas visões sobre Maria, a Mãe de Jesus? Os católicos parecem elevar muito essa icônica mulher hebraica, enquanto os protestantes, inversamente, mostram a ela muito pouco respeito, apesar de seu papel fundamental no plano redentor de Deus?
O episódio a seguir, suavíssimo, celestial, serve de base ao majestoso edifício da fé cristã. Se o nascimento de João Batista pode ser comparado, em certo sentido, com o de Isaque e com o de vários personagens da história israelita, o de nosso Senhor Jesus Cristo só tem semelhança (e que semelhança tão distante!) com a criação do primeiro homem, Adão.
Não é Jesus, além de tantas outras coisas, conforme a magnífica observação de Paulo (Rm 5.14; 1Co 15.45-49), um segundo Adão, ainda que infinitamente superior ao primeiro? Por isso, se o primeiro homem saiu imediatamente das mãos do Criador, que diretamente lhe deu a vida, o Messias, o Filho de Deus, também faria a sua entrada neste mundo de maneira extremamente maravilhosa.
Era necessário, conforme o plano divino, que ele pertencesse á espécie de quem ele vinha salvar; mas uma conveniência de ordem superior exigia que o estreito laço que o uniria aos homens não se formasse de acordo com leis ordinárias da natureza. A sabedoria incriada resolveu este problema por um procedimento digno dela.
Uma virgem conceberia e daria à luz o Cristo. Desta forma, o Cabeça da nova humanidade estaria realmente unido pela carne e pelo sangue com os que ele veio regenerar e, ao mesmo tempo, conservaria sobre eles a superioridade imensa, graças a um privilégio único na história.
Perfil biográfico de Maria
De suas descrições inspiradas e dramáticas, ainda que trágicas em algumas ocasiões, nas quais Maria desempenha em variadíssimas circunstâncias seu ofício maternal com relação a Jesus, destaca-se uma fisionomia moral de grande beleza. O mais excelso mérito pessoal dela consiste em ter respondido plenamente a tantos privilégios e a tantas bênçãos, e em haver conduzido nobremente, sem ficar envaidecida, o peso de uma dignidade sem semelhança.
Modesta, reservada, silenciosa, Maria se esforçou sempre para permanecer durante a vida pública de seu filho em um lugar secundário. Assim posto, os evangelistas falaram dela o menos possível depois da infância do Salvador, quando já não lhe eram tão necessários os cuidados maternais. Que diferença entre esta profunda humildade de Maria e a conduta, comumente ativa e presunçosa, das mães dos heróis e dos grandes personagens da história! E o que dizer da obediência tão confiada, tão sublime, de Maria a uma ordem que, por mais honrosa que fosse, lançava, de certa maneira, sua vida ao desconhecido e que tantos sofrimentos haveria de expor-lhe? Os estudiosos da Palavra de Deus dos primeiros séculos se compraziam em contrapor esta obediência de Maria à nefasta desobediência de Eva. E o que dizer da coragem de Maria, quando percebeu as cruéis dúvidas que José sentia com relação a ela, depois durante a fuga e a permanência do Egito, e finalmente ao pé da cruz em que seu amado filho expirou? Importa, pois, que conheçamos um pouco da história de vida dela antes da anunciação de que seria a mãe do Messias e depois da ascensão do Salvador. A vida de Maria, que interessa aos anais da redenção, é mais a interior do que a exterior.
Nós contentaremos em saber que ela era filha de Joaquim e de Ana, piedosos israelitas, ambos da família de Davi, e que Maria foi ainda na infância apresentada ao Senhor e educada junto ao Templo de Jerusalém. Além disso, depois da ascensão de Cristo, Maria viveu ao lado de João, o discípulo amado de Jesus, que fora dado a ela por filho adotivo. Ela morreu em Éfeso ou, mais provavelmente, segundo a antiga tradição, em Jerusalém, onde ainda existiria o seu sepulcro no vale de Cedrom, um pouco ao norte do Getsêmani. A última referência a ela na Bíblia está em Atos 1.14, quando, no cenáculo, ela, os apóstolos, os discípulos e as santas mulheres, juntos, aguardavam para receber o Espírito Santo.
É provável que Maria, uma jovem camponesa que morava num pais ocupado por forças estrangeiras, não passasse de uma adolescente quando se tornou mãe de Jesus. Mas o que ela diz mostra que era uma moça inteligente, conhecedora dos caminhos de Deus e da história do seu povo. Ela se mostrou um modelo de sabedoria e equilíbrio.
Conhecemos a história dela. Ao ficar assustada, pôs-se a refletir. ao ouvir algo que era impossível, fez uma pergunta de ordem prática. Quando lhe foi proposto um milagre de Deus, ela acreditou. Confrontada com a humilhação de uma gravidez ilícita, reconheceu que Deus é Santo e que ela era serva, e aceitou a vontade do Senhor.
Apesar de tudo que os seus vizinhos poderiam pensar, ela viu de imediato o quanto havia sido honrada. Sem ter a opção de dizer não, decidiu cumprir a tarefa com alegria. Maravilhada, ela correu para compartilhar a notícia com outra mulher (Izabel, sua prima. Lc 1.42-45) que entenderia a situação dela. Ao ser elogiada, louvou a Deus, considerando-se apenas parte de uma história na qual Deus faz grandes coisas.
HONRA INSIGNE
Ser mãe do Messias! Qualquer outra jovem israelita teria aceitado, com segurança, essa honra grandiosa, sem a menor vacilação e com indizível prazer. O coração de Maria deve ter estremecido de júbilo quando ouviu a promessa divina. E, com tudo isso, aquela moça prudentíssima, longe de dar imediatamente o seu consentimento, acreditou no dever de pedir uma explicação a Gabriel acerca de um assunto tão delicado: Como se fará isso, visto que não conheço varão? (Lc 1.34b).
Com efeito, a linguagem angelical, mesmo sendo claríssima e referindo-se à profecia de Isaías (Is 7.14), não esclarecia o modo maravilhoso do privilégio oferecido a Maria, e esta não tinha, pois, inteira certeza de que a concepção do Messias seria absolutamente sobrenatural. Em suma, Maria tinha uma razão muito legítima, gravíssima, para interrogar sobre este ponto ao mensageiro celestial, e esta razão está implícita nas palavras não conheço varão.
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Para Maria, ser escolhida por Deus para uma missão honrosa significou angústia e dor de cabeça. José a quem a Bíblia chama de homem justo, resolveu dar-lhe carta de divórcio. Foi preciso outra visita do anjo para impedir que isto se concretizasse.
Não havia realmente lugar na pousada?
Lucas 2 relata o censo sendo emitido por César Augusto. José e Maria grávida estavam residindo em Nazaré e tiveram que viajar para Belém da Judeia, porque ambos eram da casa de Davi. Não sabemos quanto tempo eles podem ter ficado em Belém, embora seja improvável que José tenha viajado com uma Maria muito grávida logo antes de seu nascimento. O texto simplesmente diz que enquanto eles estavam lá (Lucas 2:6) os eventos descritos mais tarde aconteceram.
Maria e José provavelmente estavam hospedados na casa de algum parente em Belém por um tempo. A hospitalidade era altamente estimada pelos judeus do antigo Oriente Médio. Pensar que de alguma forma ninguém estava disposto a receber uma jovem grávida vai contra todos os valores comunitários judaicos. Todas as famílias, no entanto, hospedando seus parentes que vieram se registrar para o censo foram sobrecarregadas por um grande número de visitantes. Não havia hotéis/pousadas nas pequenas aldeias da Judeia. As pousadas existiam, mas seriam localizadas apenas ao longo de grandes e importantes estradas. Toda a hospitalidade era realizada por pessoas, principalmente por parentes de parentes e amigos de parentes. A tradução que diz que "não havia lugar para eles na pousada" é simplesmente incorreta (forneço uma tradução melhor abaixo).
6 Enquanto eles estavam ali, chegou o tempo de ela dar à luz. 7 E ela deu à luz seu filho primogênito; e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura ( φάτνῃ ), porque não havia lugar para eles no quarto de hóspedes (καταλύμα). (Lucas 2:6-7)
Há uma palavra grega do Novo Testamento que é traduzida como estalagem, mas não é kataluma , mas pandoxion , a palavra que é usada em Lucas 2:7, por exemplo. Lemos que o Bom Samaritano, “ veio até ele e enfaixou suas feridas, derramando óleo e vinho sobre elas; e o colocou sobre seu próprio animal, e o levou para uma estalagem ( πανδοχεῖον ) e cuidou dele.” A palavra grega "kataluma" pode ser traduzida aproximadamente como uma parte da casa que é usada somente para ou também para o propósito de hospitalidade. Parentes de José e Maria sobrecarregaram aquela pequena cidade e casa onde José e Maria já estavam hospedados. Maria está começando a ter dores de parto; ela não consegue imaginar dar à luz em uma sala cheia de pessoas. Então, provavelmente com o conselho relutante dos anfitriões, ela se muda para a caverna adjacente à casa, que era usada pela família anfitriã para abrigar animais durante a estação chuvosa e estava vazia no momento. Não era muito, mas proporcionava a privacidade tão necessária
Visitantes inesperados chegavam a toda hora, falando sobre sinais maravilhosos.
Quando ela e José levaram o bebê ao templo para apresentá-lo a Deus, um homem devoto cujo nome era Simeão, homem justo e temente a Deus (Lc 2.25) que tomou a criança em seus braços e disse que havia esperado a vida inteira por aquele momento disse a Maria que uma espada atravessaria a alma dela.
Depois, o bebê foi ameaçado de morte e, ao invés de voltar para casa, a jovem família teve de fugir pelo deserto até o Egito, onde ficou até a morte de Herodes. Muitos outros bebês foram mortos pelos soldados que procuravam Jesus, e Maria ficou sabendo disso.
O menino era extraordinário - inteligente, curioso, e com uma clara consciência de sua identidade. É possível que, por vezes, Maria não soubesse ao certo o que fazer com ele, mas sabia que ele era ainda uma criança e manteve a sua autoridade sobre ele, ensinando-lhe a obediência.
Seguindo o exemplo de outras mães, certamente ela lhe contou fatos a respeito de seu nascimento e de sua infância. Ao vê-lo crescer, ela continuou refletindo, procurando entender tudo aquilo.
Quando ele já era adulto, ela deixou que ele vivesse a sua própria vida, aparecendo raramente na história dele, apenas o suficiente para sabermos que ela acreditava no destino do filho e se preocupava com o seu bem-estar.
Ela criou um filho que era em muito semelhante a ela. Ele se mostrou resoluto na obediência a Deus. Podia aceitar tanto a humilhação quanto a honra. Assim como Maria passara vergonha pela alegria de ser sua mãe, ele suportou a cruz pela alegria que lhe estava proposta.
A espada profetizada atravessou o coração de Maria, mas ela ficou ao lado dele, testemunhando a injustiça e agonia da morte dele e ouvindo-o pedir ao discípulo amado que cuidasse dela.
Como dedicada filha de Deus, como mulher exemplar, como mãe, Maria foi insuperável.
MARIA, UMA JOVEM DA LINHAGEM REAL
Não devemos esquecer que, para que Jesus fosse realmente filho de Davi no sentido estrito, para que em suas veias corresse realmente o sangue real, era necessário que sua mãe procedesse da família daquele monarca, pois ele não teve pai segundo a carne.
Para uma mulher judia como Maria, familiarizada com as profecias do Antigo Testamento, estas palavras eram tão claras como o Sol, pois continham uma descrição popular do Messias, um resumo das mais célebres profecias messiânicas. O filho que o anjo prometeu a Maria haveria de possuir todos os títulos, exercer todos os ministérios atribuídos por Deus e pela voz pública ao Libertador ansiosamente esperado. O perfil do Messias já havia sido traçado tantas vezes que não poderia deixar de ser reconhecido naquele instante, e Maria compreendeu muito bem o que Gabriel lhe falou.
As primeiras palavras de Gabriel - E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, pôr-lhe-ás o nome de Jesus - são manifesta alusão a uma das mais belas profecias de Isaías: Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel (Is 7.14b). As palavras seguintes - Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo - receberam logo da boca do anjo sua interpretação: e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim. (A locução verbal será chamado equivale a dizer que Jesus não apenas seria Filho do Altíssimo, mas também seria reconhecido e tratado como tal. O nome Altíssimo em grego [hupsistos] é equivalente ao termo hebraico Elion [elyown], e aparece com muita frequência na Bíblia para expressar a grandeza de Deus, conforme vemos em Gn 14.18; Sl 7.17; Mc 5.7; Lc 8.28; At 7.48; Hb 7.1)
O restabelecimento pelo Messias do trono de Davi, com extensão universal e duração eterna sobre novas bases, constituía, a partir da profecia de Natã (2Sm 7.12,13), um tema sobre o qual os antigos profetas, os targuns, o Talmude, os livros apócrifos do Antigo Testamento e até os próprios evangelistas não se cansavam de insistir (Is 9.6; Jr 30.9; Ez 17.22; 34.13; Dn 7.13; Os 3.5; Am 9.11-15; Mq 4.7-8; Mc 11.10; At 1.6). Já o patriarca Jacó havia anunciado o reinado glorioso do futuro Redentor (Gn 49.10).
A história de Maria é contada em
Mt.1.16-25;Lc.1.27-56;
Lc.2;Jo.2.1-5; 19.25-27;Mc.3.21.
PASSAGENS PRINCIPAIS:
A mensagem do anjo-Lc 1.28-38
O cântico de Maria-Lc 1.46-56
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Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11