Mc 3.7-19: Os Doze
Multidões iam ao encontro de Jesus, vindas do sul (Judéia, Jerusalém, Iduméia); do leste, isto é, do outro lado do Jordão; e de Tiro e Sidom, cidades portuárias a noroeste.
Jesus escolheu um grupo mais restrito de 12 discípulos (veja "Os doze discípulos de Jesus"), que se tornaram membros fundadores do novo reino - em correspondência aos 12 filhos de Jacó que deram seus nomes às doze tribos de Israel. Três deles - Pedro, Tiago e João - eram ainda mais chegados a Jesus. Quatro deles, todos da Galiléia, eram sócios de um empreendimento de pesca (Pedro e seu irmão André; Tiago e seu irmão João). Um (Mateus/Levi, que possivelmente era irmão de Tiago, filho de Alfeu) era cobrador de impostos, a serviço dos romanos. Simão, no outro extremo, pertencia a um grupo de guerrilheiros nacionalistas (os zelotes - veja "A religião judaica na época do NT") que queriam livrar o país da ocupação estrangeira. Pouco se sabe a respeito dos outros. Judas Iscariotes, conhecido como aquele que traiu Jesus, pode ter sido o único galileu ("iscariotes" pode significar "de Queriote", uma localidade na Judéia).
A lista completa aparece também em Mt 10.2-4 e Lc 6.12-16. O "Tadeu" que é mencionado em Mateus e Marcos parece ser o mesmo que "Judas, filho de Tiago" (Lc 6.16; At 1.13). Bartolomeu é muitas vezes identificado com Natanael de Jo 1. Era, com certeza, um grupo heterogêneo. Nenhum deles tinha qualquer vínculo com a religião oficial (um escriba ou sacerdote).
V. 12 Veja 1.21-45.
Mc 3.20-35: Jesus aliado ao diabo?!
Veja Mt 12.15-37,49.
Mc 4.1-34: As parábolas do reino de Deus
Veja as notas em Mt 13.1-52. Aqui, em Marcos, as parábolas foram inspiradas na agricultura e falam de crescimento.
Vs. 1-8,13-20: A semente e os solos.
Vs. 9-12: Ouvir e entender.
Vs. 21-25: A lâmpada. Boas novas devem ser compartilhadas. (Veja também Mt 5.15; Lc 11.33).
Vs. 26-29: A semente que cresce (parábola registrada apenas em Marcos). O homem joga a semente, assim como Jesus e os seus discípulos espalham a semente do reino de Deus. Mas é Deus quem determina a vinda do seu reino.
Vs. 30-32: A semente de mostarda.
V. 12 Na mentalidade judaica, muitas vezes se fala do resultado como se fosse propósito. Este versículo se refere à "consequência", não ao "objetivo" do ensinamento de Cristo. É evidente, com base nos vs. 22-23, que a razão do encobrimento do significado era incentivar os ouvintes a buscarem a resposta.
Mc 4.35-41: Jesus acalma uma grande tempestade
Veja Mt 8.23-27; Lc 8.22-25. Às vezes o lago da Gailéia é agitado por uma tempestade repentina. Esta história mostra o poder de Jesus sobre a natureza, pois ele acalmou os elementos enfurecidos. Sua tranquilidade e confiança contrastam nitidamente com o temor dos discípulos: primeiro, diante da força do vento; depois, diante do poder maior revelado por Jesus. "Que homem é este?"
Mc 5.1-20: Um louco no cemitério
Veja também Mt 8.28-34; Lc 8.26-39. Ao atravessar o lago, Jesus chegou a um território não judeu (gentio). A condição daquele homem que vivia nas cavernas usadas como sepulcros era de dar dó: uma personalidade dividida à mercê de múltiplos impulsos conflitantes; totalmente incapaz de levar uma vida normal. Mas Jesus, que tem autoridade sobre elementos enfurecidos, também tem autoridade sobre pessoas furiosas: o v. 15 descreve uma transformação total. Ao exorcismo seguiram-se prejuízo e distúrbios, quando a manada de porcos se precipitou no lago - algo que deve ter convencido o homem de que seus atormentadores se foram para sempre.
V. 1 Alguns manuscritos contêm Gadara; outros, Gergesa; e ainda outros, Gerasa. Aquela região mais ampla fica a sudeste do lago. Somente num ponto da margem oriental existe um precipício (13).
Decápolis (20) "Dez Cidades"; dez cidades gregas livres.
Mc 5.21-43: A filha de Jairo; e a mulher que tocou na capa de Jesus
Veja também Mt 9.18-26; Lc 8.40-56. As duas histórias são paralelas; ambas sobre mulheres, fé, e pessoas que não mais podiam ser ajudadas por médicos.
A mulher tentou não revelar sua presença, porque o sangramento a tornava impura e intocável para seus compatriotas judeus. Como a mulher, já era de qualquer forma considerada "uma pessoa de segunda categoria" (mas não por Jesus). A capa de Jesus não tinha poderes mágicos. Ele sabia a diferença entre o contato casual da multidão e alguém que apelava a ele numa necessidade. A fé que aquela mulher tinha não só propiciou a sua cura física: ela a salvou.
Este incidente deve ter incentivado Jairo. O fato de este chefe da sinagoga, um homem respeitado na comunidade local, se dirigir a Jesus mostra que nem todos os líderes religiosos estavam contra ele. Por confiar em Jesus, sua filhinha voltou a viver. Jesus tem poder sobre a vida e a morte.
V. 39 A criança não estava apenas em coma - ela estava morta. Todos sabiam disso (40). As palavras de Jesus descrevem a morte do ponto de vista de Deus: um sono do qual despertaremos para um novo dia.
Mc 6.1-13: Jesus é rejeitado em Nazaré; a missão dos Doze
Vs. 1-6: Na cidade onde tinha morado, a fama de Jesus não era motivo de orgulho, mas de rancor: "Quem esse carpinteiro presunçoso pensa que é"? Não estava nos planos de Jesus fazer demonstração de seus poderes para convencer os céticos (veja Mt 4.6-7).
Vs. 7-13: Veja Mt 9.35--10.42.
V. 3 Veja Mt 12.49. Mais tarde Tiago se tornou líder da igreja em Jerusalém (At 15.13). Judas escreveu a Epístola de Judas.
Em Gadara, (foto) uma das Dez Cidades (gregas), não havia proibição de comer carne suína, como havia entre os judeus.
Aqui no lado leste do lago da Galiléia, (foto esquerda abaixo) a manada de porcos, possessa,se precipitou nas águas e morreu afogada, depois que Jesus curou "Legião".
Jesus maravilhou seus discípulos ao acalmar uma das violentas e repentinas tempestades do lago da Galiléia.
Mc 6.14-29: O rei Herodes manda decapitar João Batista
O contexto dessa história é a pergunta a respeito da identidade de Jesus: quem seria ele? (14-16). Sentimento de culpa e superstição levaram Herodes Antipas a pensar que Jesus era João ressurreto. Herodes havia se divorciado de sua mulher para casar com Herodias, mulher de seu meio-irmão Filipe. João denunciou isso como incesto (Lv 18.16; 20.21) e por isso acabou na prisão. Mas Herodias queria fechar a boca do pregador para sempre e aproveitou a oportunidade, quando ela apareceu.
Mc 6.30-44: Jesus alimenta mais de 5.000 pessoas
Veja também Mt 14.13-21; Lc 9.10b-17; Jo 6.5-14. Os Doze deram relatório e Jesus viu sua necessidade de descanso e afastamento das constantes solicitações do povo. Seu plano não deu certo, mas, em vez de ficar irritado com aqueles que estragaram o seu retiro, ele se compadeceu deles (34). Jesus supriu a necessidade que eles tinham de seus ensinamentos e de alimento.
V. 37 Obviamente eles não tinham todo o dinheiro: o denário, moeda de prata, era o salário pago por um dia de trabalho. Isso seria o equivalente a seis meses de trabalho.
Mc 6.45-56: Jesus anda por cima da água
Era entre 3 e 6 horas da manhã. Novamente foi a necessidade dos discípulos que despertou o amor de Jesus. E mais uma vez ele demonstrou o seu poder supremo sobre a criação: o vento e as águas lhe obedecem.
Orla/barra (56) A extremidade de sua capa (de rabino) tinha uma orla ou barra azulada.
Mc 7.1-23: A "tradição dos anciãos"
Veja Mt 15.1-20. Marcos acrescenta uma explicação para leitores não judeus (3-4). Lavar as mãos era um rito relacionado com "pureza" religiosa, e não apenas uma questão de higiene ou boas maneiras. Mas o cumprimento da "tradição" pode tirar todo o significado da palavra de Deus que foi dada de forma tão direta (13). Jesus mostra que o verdadeiro problema da humanidade não é a sujeira que se apega às mãos, mas a poluição profunda da mente, do coração, e da vontade, que nenhum banho é capaz de limpar. Esse conceito era tão radical (a idéia de alimentos puros e impuros está tão arraigada no pensamento judaico) que até os discípulos precisaram de maiores explicações.
Mc 7.24-37: Além das fronteiras
Vs. 24-30: Veja as notas sobre Mt 15.21-28. Jesus estava em território gentio: o relato de Marcos passa da idéia de alimentos puros e impuros (19) para a idéia de pessoas "puras" (judeus) e "impuras" (gentios). O reino de Deus é inclusivo.
Vs. 31-37: A dificuldade de fala do homem era resultado da sua surdez, como geralmente acontece. Acreditava-se que a saliva tinha propriedades de cura: Jesus tratou o homem da forma que seus contemporâneos esperavam.
Vs. 1-9: Veja Mt 15.29-39. Não se sabe onde ficava Dalmanuta.
Vs. 11-21: Veja Mt 16.1-12. A falta de discernimento espiritual dos discípulos frustou Jesus. Eles estavam tão preocupados com a provisão de pão, que não viram que ele os advertia contra o perigo sempre presente da hipocrisia religiosa (veja Lc 12.1) e do materialismo (a principal preocupação da facção herodiana).
Mc 8.22-26: A cura de um cego
Esta história está "associada" com a do surdo (7.32-37): com a vinda do reino de Deus, os cegos vêem e os surdos ouvem, conforme profecia de Isaías (Is 35.5). Mas Jesus ainda evitava a publicidade (veja 1.21-45, nota).
A história também pode ser considerada uma "moldura" da seção seguinte, que termina com a cura de outro cego (10.46-52).
Mc 8.27--9.1: "Quem o povo diz que eu sou?"
Veja nota sobre Mt 16.13-28. Aqui e em outras passagens Marcos faz um registro completo das falhas de Pedro, e deixa de enfatizar aquilo que poderia contar a seu favor. Isto faz sentido se a informação veio do próprio Pedro. Este episódio é um "divisor de águas" dentro da narrativa de Marcos. O foco muda, quando pela primeira vez Jesus diz a seus discípulos que vai ser morto e que, depois, ressuscitará (veja também 9.31; 10.33-34).
Cesaréia de Filipe (8.27) 40 Km ao norte do lago da Galiléia.
9.1 A referência pode ser àqueles que testemunharam a transfiguração de Jesus, ou, mais provavelmente, às testemunhas de sua morte e ressurreição.
Mc 9.2-13: Jesus é transfigurado
Veja também Mt 17.1-13; Lc 9.28-36. Os apóstolos agora tinham certeza de que Jesus era o Messias. Esse vislumbre da sua glória, dado aos três discípulos mais chegados, deve ter contribuído em muito para encorajá-los nos acontecimentos que estavam por vir. Moisés (o grande legislador de Israel) e Elias (o primeiro grande profeta) conversaram com Jesus, e o assunto foi a morte dele que se aproximava (Lc 9.31). De agora em diante Jesus falaria mais e mais sobre o seu sofrimento e morte: esta era a glória do Messias. Mas mesmo os seus amigos mais chegados acharam isso difícil de engolir.
De acordo com Josefo, o historiador judeu daquela época, João Batista estava preso na fortaleza que Herodes havia construído em Maqueronte, no extremo sul, a leste do mar Morto.
V. 2 Esse monte pode ter sido o Hermom, com seus 2.700 m de altitude, e que fica 19 Km a noroeste de Cesaréia de Filipe (8.27). O monte Tabor, outra possibilidade, implicaria uma viagem para o sul. Pedro queria prolongar aquele momento. Talvez Moisés e Elias decidissem ficar, se fizessem tendas para eles, como a Tenda (o Tabernáculo) em que Deus outrora estava presente, antes de o Templo ser construído. A glória de tudo que ele viu naquele dia ficou permanentemente marcada na memória de Pedro (2Pe 1.16-18).
V. 9 Jesus voltou a pedir que seus seguidores mantivessem segredo.
V. 13 "Elias, isto é, João Batista (veja Mt 17.13). Malaquias (4.5) havia predito um retorno de Elias para anunciar o dia da vinda de Deus.
Mc 9.14-29: A cura de um menino
Veja também Mt 17.14-19; Lc 9.37-42. Os sintomas descritos aqui, atribuídos a um espírito maligno pelos contemporâneos de Jesus, parecem de epilepsia (que a medicina moderna pode tratar, mas não curar). Os discípulos falharam por causa da sua falta de fé (veja Mt 17.19-20). Porém Jesus não mandou o menino embora porque a fé de seu pai era limitada. De acordo com as crenças da época, Jesus ordenou que o espírito saísse do menino, e ele foi curado. A chave para o sucesso é a oração (29; alguns manuscritos acrescentam "e jejum").
Mc 9.30-50: Lições para os discípulos
Veja a nota em Mt 18. Mais uma vez Jesus avisou os seus discípulos da sua iminente morte e ressurreição (30-32). Na sequência, Marcos reuniu vários dizeres de Jesus que têm um tema comum (recompensa, pertencer) ou uma palavra chave que os une ("sal", "fogo").
Ninguém que esteja preocupado com as suas próprias ambições pode se tornar um "grande" cristão (33-37). É preciso colocar os outros em primeiro lugar e a si mesmo em último lugar. É melhor limitar deliberadamente a satisfação pessoal (44-45) do que perder o reino de Deus.
Vs. 43-48 Esta terrível descrição do inferno foi inspirada no fogo permanente que havia no vale do Hinom (Geena), onde era queimado o lixo de Jerusalém, e nos cadáveres que são devorados aos poucos por vermes.
V. 49 "Salgado com fogo", isto é, purificado na "fogueira" do sofrimento.
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Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11